Volta e meia me perguntam sobre a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Luís, que será realizada na primeira quinzena do próximo mês de abril. Afinal, qual a importância desse pleito interno, cujos eleitores do processo são os próprios vereadores? Devemos dar a mesma atenção a ela quanto damos ao pleito que elegeu o prefeito da capital?
A resposta é sim. Todos nós, sem exceção, nascemos, nos educamos, crescemos e decidimos o que seremos em nossas vidas no município. Desde nosso nascimento usufruímos dos serviços públicos que nos são oferecidos e pelos quais pagamos através de impostos municipais.
Por isso, tão importante quanto a escolha do chefe do Poder Executivo que irá administrar a cidade em que vive, é saber quem será o presidente da Câmara que conduzirá os trabalhos do Poder Legislativo que deverá decidir quais propostas serão colocadas em votação, que podem mudar a minha e a sua vida pelos próximos dois anos. O cargo é o segundo na linha sucessória do prefeito, depois do vice-prefeito.
Assim como na eleição municipal, a disputa pela presidência da Câmara costuma atrair a atenção da mídia, mas o que esse cargo tem para despertar maior interesse do público em geral? Esse não seria um assunto interno dos vereadores que, na verdade, pouco importa à vida da maioria dos cidadãos ludovicenses?
Na prática, devido a essa posição privilegiada, o presidente da Câmara exerce um papel de destaque na relação desta com o poder Executivo. Ele tanto pode facilitar quanto dificultar o relacionamento entre o prefeito e a coletividade dos vereadores, sendo decisivo para a aprovação de leis e projetos, bem como para dar maior ou menor autonomia ao poder Legislativo frente aos outros poderes.
A eleição da Mesa Diretora continua há quase 10 anos sem ter qualquer tipo de disputa entre os 31 vereadores. O último confronto ocorreu em 2013, durante a gestão do primeiro mandato do prefeito Edivaldo Júnior.
Naquele pleito interno, a chapa “Resistência e Governabilidade” encabeçada pelo vereador Isaias Pereirinha, venceu por 19 votos a 12 a chapa do governo Edivaldo, denominada chapa “Renovação Já”, que tinha como candidata a ex-vereadora Helena Duailibe.
Curiosamente o chamado “acordão” ou “consenso” entre os próprios parlamentares como eles mesmos gostam de chamar, se iniciou de forma independente e, apesar da interferência do prefeito da época, o resultado acabou sendo favorável ao Pererinha que encaminhou sua reeleição, após muito diálogo.
Em 2017, os novatos do Palácio Pedro Neiva de Santana também fizeram barulho afirmando que poderiam construir uma chapa contra os “experientes” do Parlamento, já que mais de 12 dos 31 parlamentares eram de primeiro mandato. No entanto, a tal articulação ficou apenas no discurso, o que garantiu a reeleição de Astro de Ogum à presidência. A projeção também foi a mesma em relação ao atual presidente da Casa, vereador Osmar Filho (PDT) em 2019 e 2021.
Para o pleito que será realizado no próximo mês de abril, mais uma vez um movimento paralelo com apoio de forças externas, foi criado para tentar fazer frente na disputa, mas, o desenrolar do processo, confirma novamente o fracasso.
Pelo menos quatro nomes disputam o pleito interno: Dr. Gutemberg (PSC), Raimundo Penha (PDT), Aldir Júnior (PL) e Paulo Victor (PCdoB). O problema, entretanto, é que na tarde deste sábado (15), o vereador Umbelino Junior (PDT) resolveu declarar apoio ao último, adotando uma posição que mostra um reflexo mais claro e dá sinais de que a eleição caminhará mesmo para formação de uma chapa única.
Dos quatro nomes que se apresentaram, Paulo Victor seria o único sem relação política com o prefeito Eduardo Braide (PODE). Mesmo diante das adversidades, virou uma espécie de ‘soldado’ que foi para ‘guerra lutar’.
Se antecipou ao processo de escolha, buscou o diálogo e já tenta construir um consenso, mas sem fugir do conflito, algo comum numa Casa com integrantes de muitas posições, crenças, ideologias e pensamentos diferentes.
As vésperas de mais uma eleição interna, a principal pergunta que movimenta os bastidores da disputa é a seguinte: pode ocorrer alguma reviravolta em relação à Dr. Gutemberg, Penha ou Aldir?
Em política tudo é possível, mas como disse essa semana, o decano Astro de Ogum, em bate-papo com colegas da imprensa, logo após as oitavas da CPI, na Câmara: “São três grupos tentando se fortalecer para derrotar um, né? Se não conseguiram em um ano, por quais motivos isso poderia ocorrer em menos de dois meses do processo?”
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