Uma análise perfeita, com texto cirúrgico! Assim podemos definir a avaliação feita nesse final de semana pelo experiente jornalista Ribamar Corrêa em seu blog. De acordo com ele, o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha possuem consistências diferentes em matéria de base de apoio partidário.

Confira o artigo a seguir:

A decisão do governador Flávio Dino (PCdoB) de adiar, por causa do agravamento da pandemia, para o final deste mês, o início das consultas partidárias na aliança que lidera em busca de um candidato de consenso à sua sucessão não retardou o processo político nessa direção. Os dois nomes mais fortes na disputa interna, o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), mais do que manter, intensificaram o ritmo das suas articulações em busca de suporte político e partidário para viabilizar seus projetos de candidatura. Nessa intensa movimentação nos bastidores dos partidos, Carlos Brandão e Weverton Rocha vêm jogando pesado na atração de aliados. Nesse momento, por mais que assessores e porta-vozes se esforcem para apresentar cada um deles como o mais forte, a verdade é que o jogo, que vinha equilibrado, com impulsos eventuais de um lado e de outro, começa a sofrer desequilíbrio, com maior ou menor consistência na base de apoio de cada um. Traduzindo: depois de um longo período em que mostrou força exibindo aliados expressivos, o senador Weverton Rocha parece ter esgotado seu manancial de apoio, enquanto o vice-governador Carlos Brandão parece ganhar musculatura a cada dia.

Em pouco mais de um mês, Weverton Rocha atuou como um furacão. Ganhou força com declarações de apoio da senadora Eliziane Gama (Cidadania), dos deputados federais Juscelino Filho (DEM), Cléber Verde (Republicanos) e Pedro Lucas Fernandes (PSL) e do ex-prefeito de Timon, Luciano Leitoa (PSB), tendo ainda a expectativa do possível aval do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), que continua no ar. O pré-candidato pedetista fez questão de que esses apoios fossem declarados como fatos consumados, passando ao meio político e ao eleitorado mais atento a impressão de que sua pré-candidatura está montada numa base partidária forte.

Uma avaliação mais apurada aponta algumas inconsistências na base de apoio do senador Weverton Rocha. A senadora Eliziane Gama lhe dá prestígio, mas o partido dela, o Cidadania, praticamente não existe no Maranhão. A declaração de apoio do PSB, por sua vez, perderá sentido se o governador Flávio Dino e seu grupo migrarem para a agremiação socialista. E a manifestação do deputado federal Pedro Lucas Fernandes, recém-chegado ao PSL, provavelmente não representa inteiramente a base que encontrou no partido. Quanto ao Republicanos, por mais forte que seja o comando do deputado federal Cléber Verde, ninguém duvida de que pelo menos metade das suas forças não seguirá o senador. O aliado mais forte de Weverton Rocha é o DEM, que vem mantendo parceria com o PDT no plano nacional.

No seu campo, o vice-governador Carlos Brandão se movimenta para contar, de saída, com dois aliados fortes, o PCdoB e o PT. E se o PCdoB se fundir com o PSB, não há dúvida que o novo partido, que deve se chamar Socialistas, apoiará o projeto de candidatura de Carlos Brandão. E mesmo se houver apenas a migração do governador Flávio Dino para o PSB, o partido se inclinará por Carlos Brandão, com o aval do deputado federal Bira do Pindaré, que preside a legenda em São Luís e não acompanhou o presidente Luciano Leitoa na declaração de apoio a Weverton Rocha. O PT vem dando seguidas demonstrações de que se unirá ao PCdoB na base de apoio de Carlos Brandão, que, além da base petista, contará também com o bordão do ex-presidente Lula da Silva na sua campanha. No caso do Republicanos, contas feitas por observadores tarimbados indicam que pelo menos metade da base municipal – prefeitos e vereadores – do partido apoiará Carlos Brandão, ainda que não migre para o PSDB.

O cenário do momento é exatamente esse. E nele o senador Weverton Rocha, hoje um político forte e de horizonte largo, trabalha para consolidar a ampla, mas inconsistente, base de apoio que vem construindo, para evitar que parte dela se desmanche. No contrapeso, o vice-governador Carlos Brandão está fazendo o caminho inverso, construindo aos poucos uma base consistente, sem risco de desmanche.

Vale, porém, lembrar que as convenções que formarão as alianças partidárias e desenharão a disputa só ocorrerão daqui a um ano, uma margem de tempo na qual as tendências podem se consolidar ou sofrer reviravoltas.

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