Novo modelo de urna eletrônica, a ser utilizado em 2022. Crédito: Abadias Pinheiro/TSE

A preocupação com a desinformação no ambiente virtual nas eleições deste ano tem respaldo no tsunami de fake news que se espalhou pelo país durante a campanha de 2018. Mentiras que tornam o debate público nebuloso, promovendo a desestabilização institucional que abala a própria democracia. Não á de se estranhar que o combate aos ataques virtuais organizados seja desde então uma prioridade do Judiciário brasileiro.

É temerário, contudo, que o campo de batalha esteja se movendo da internet para a realidade concreta neste momento de pré-campanha. Em 2018, o atentado contra o então candidato Jair Bolsonaro já mostrou os perigos reais do acirramento da polarização. Nas últimas semanas, o noticiário tem registrado episódios de ataques ‘presidenciais’ que acendem o alerta para este segundo semestre politicamente decisivo.

É um atentado à civilidade democrática, com riscos à integridade física dos presentes, que uma bomba caseira e fétida tenha sido lançada em um comício de Lula no Rio e Janeiro. Se fosse uma violência similar durante uma motociata do presidente Bolsonaro, seria igualmente inaceitável.

No mesmo dia, o juiz que determinou a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro teve o seu carro atingido por fezes de animais, ovos e terra. E, no dia 29 de junho, um protesto impediu uma palestra do vereador de São Paulo, Fernando Holiay, alinhado à direita do espectro político, na Unicamp. Felizmente, em nenhum dos casos foram casados ferimentos graves. Mas não é o momento de pagar pra ver.

E, no início deste mês, a morte de um guarda municipal e militante petista em Foz do Iguaçu (PR) fez crescer o temor do acirramento político. O caso ainda está sob investigação policial.

O ministro Edson Fachin, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou o temor de que o Brasil testemunhe nessas eleições um episódio mais grave do que a invasão do Capitólio, no EUA, em 06 de janeiro de 2021. O aumento da tensão política no país exige um monitoramento amplo e um trabalho de inteligência contínuo, para antever possíveis ataques. A Polícia Federal, inclusive, já promoveu o reforço da segurança dos candidatos a presidente.

Desde a redemocratização, os ânimos políticos nunca estiveram tão exacerbados no Brasil. 2018 foi marcado pela tensão e 2022 deve seguir a mesma toada. Os próprios candidatos têm a responsabilidade de não incitar seus eleitores, os debates precisam estar centrados no campo das ideias e proposições. A civilidade e o respeito não são escolhas na vida em sociedade, são exigências. Sem eles, é um retorno à selvageria no qual a própria política perde o sentido.

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