O tema é polêmico, eu sei. Mas sabe por que não precisamos de uma Parada do “Orgulho Hétero, de um Dia da Consciência Humana ou de uma Lei do João da Penha?
Porque heterossexuais não são hostilizados, mortos, espancados ou expulsos de casa por serem heterossexuais. Porque seres humanos não são escravizados, assassinados ou discriminados por serem humanos. Porque homens não são vítimas de violência doméstica por terem nascido homens.
Por razões mais ou menos semelhantes, racismo reverso não existe. Racismo, por definição, pressupõe uma tradição de poder e privilégio, a opressão estrutural de um grupo com poder econômico, politico, jurídico, social, físico ou simbólico sobre outro.
É preciso lembrar, insistentemente. O racismo no Brasil vem de um contexto de escravidão e de uma estrutura tão sólida quanto silenciosa que coloca brancos acima de negros, com meios organizados para manter essa relação desigual pela própria natureza.
Isso obviamente não significa que não existe negros preconceituosos, pessoas LGBTQIA+ hostis ou mulheres violentas. Eles e elas existem, ostentando o que há de mais imperfeito, de mau gosto, atrasado e dispensável na natureza humana: a intolerância contra os diferentes de nós.
O que não existe, nestes casos, são grupos estruturados de negros, pessoas LGBTQIA+ ou mulheres que, por anos e anos, dominam outro grupo graças à sua força econômica, política, jurídica, social, física ou simbólica.
O racismo está ligado a uma tradição de poder e privilegio, que sempre beneficiou o homem branco, nunca o negro. Os números estão aqui, ali, em qualquer lugar para provar.
Alguns deles:
Segundo o IBGI, entre os 10% mais pobres do Brasil, 75% são negros. Pela mesma fonte, negros representam 47& dos trabalhadores informais e brancos 34%. Pretos e pardos são maioria entre os que não têm acesso a esgoto: 42,8% contra 26,5%. Por outro lado, de acordo com a ONH Justiça Global, 7 em cada 10 crianças mortas em ações policiais no Rio de Janeiro são negras.
O tema é polêmico, eu sei. Mas a verdade é que precisamos nos defender do racismo reverso tanto quanto precisamos de uma Parada do Orgulho Hétero, de um Dia da Consciência Humana ou de uma Lei João da Penha.
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