Com a experiência de quem acompanha de perto o cenário político há mais de três décadas, o jornalista Ribamar Corrêa, acredita que as forças políticas de oposição estão “sem líder e seguem desunida” no Maranhão.
Em mais um brilhante post em seu blog, ele analisa as possibilidades de cada um, fala sobre cenários para 2022 e afirmou que as forças oposicionistas estão dispersadas em várias frentes.
Confira o artigo:
Enquanto as forças da aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) se movimentam num tabuleiro onde a palavra de ordem é buscar o consenso em torno de um candidato, que pode ser o senador Weverton Rocha (PDT) ou o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), na banda oposicionista as forças alinhadas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) encontram-se inteiramente desarticuladas e, pelo menos por enquanto, sem perspectivas de serem mobilizadas para o embate eleitoral por lideranças fortes. Essas forças estão dispersadas em várias frentes, uma que tem à frente o senador Roberto Rocha (sem partido), o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSL), a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (ainda no PSDB), e a deputada estadual Mical Damasceno (PTB), e ainda por tabela os deputados federais Edilázio Jr. (PSD) e Aluísio Mendes (PSC). No cenário atual, são fortes as evidências de que esses grupos dificilmente se juntarão em torno de um candidato de consenso que sirva de plataforma e garanta palanque ao presidente, a corrida pela reeleição.
Apontado e assumido como o mais dedicado aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Maranhão, o senador Roberto Rocha, que tentando construir uma agenda mais voltada para o estado, sinalizando, aqui e ali, ser pré-candidato à sucessão do governador Flávio Dino, sem ter feito até agora um pronunciamento claro e definitivo sobre o assunto. Ao mesmo tempo, o senador vem dando seguidas demonstrações de que está politicamente fragilizado, à medida que não exibe pelo menos uma ideia de grupo, contrariando a tradição segundo a qual candidatura majoritária, no caso senador e governador, via de regra dependem da força de grupo para ser viabilizada. Evidente que Roberto Rocha não é uma ave solitária e deve ter aliados e eleitores. Ao mesmo tempo, não há como negar que no campo partidário ele é atualmente um político sem um suporte partidário para disputar o Palácio dos Leões. Aposta todas as suas fichas numa dobradinha com Jair Bolsonaro, que, vale lembrar, amarga elevada rejeição no Maranhão.
Nesse campo, o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, construiu e vem “vendendo” um projeto de candidatura a governador com uma campanha estadual e cara, com centenas de outdoors coloridos, que seriam bancados por um movimento de direita que resolveu pagar para ver em relação ao seu projeto. Provavelmente pelo conhecimento que tem da situação do presidente no consenso do eleitorado maranhense, adotou um discurso de independência, dizendo-se ligado à corrente que hoje critica o Governo Bolsonaro e afirmando não ter qualquer relação com o presidente da República. E mais ainda: não quer o seu grupo identificado com o bolsonarismo radical, cultivado presidente Jair Bolsonaro. Não se sabe até onde vai o fôlego do prefeito de São Padro dos Crentes, que afirma, sem nenhum pudor, ser o melhor gestor municipal do Maranhão.
Bolsonarista assumida desde a campanha presidencial, a prefeita Maura Jorge, que ainda está filiada ao PSDB, tem uma situação complicada para resolver. Se quiser permanecer tucana, terá de se alinhar ao projeto de candidatura do vice-governador Carlos Brandão, hoje o manda-chuva do ninho dos tucanos no Maranhão. Se optar por se manter na fluida base bolsonarista, terá de deixar o PSDB. Independentemente de qual será o seu futuro partidário, o que parece certo é que Maura Jorge não parece disposta a cometer o desatino de deixar o comando da Prefeitura de Lago da Pedra para se candidatar ao Governo sob a bandeira bolsonarista. Por sua vez, a deputada Mical Damasceno, que ganhou o controle do PTB sem fazer qualquer esforço para tanto, curte o fato de haver-se transformado numa comandante partidária, com a perspectiva de se tornar o braço do bolsonarismo no estado, o que poderá tira-la da aliança dinista.
No contexto oposicionista, dois partidos têm posições bem claras. O PSD, comandado pelo deputado federal Edilázio Jr., pretende lançar candidato próprio ao Governo, mas deve defender a bandeira bolsonarista na corrida presidencial. O mesmo deve acontecer com o PSC, controlado pelo deputado federal Aluísio Mendes.
Chama atenção o fato de esses partidos e suas lideranças, mesmo tendo o presidente Jair Bolsonaro como sua referência na corrida presidencial, encontram-se totalmente distanciados no que diz respeito à sucessão no Governo do Estado. E não será surpresa se parte deles vier a abandonar o barco bolsonarista e embarcar no galeão dinista.
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