O juiz Francisco Eduardo Girão Braga, titular da Comarca de Cantanhede, está mudando a rotina do Judiciário e resolveu fazer o caminho inverso dos demais colegas. No dia 20 de dezembro, a pedido dos advogados Mozart Baldez e Tufi Saad, o magistrado saiu do seu gabinete e foi pessoalmente fazer diligência in loco em área de conflito de terras no município de Pirapemas, município vizinho a Cantanhede.

A ação inovadora do juiz repercutiu, nas redes sociais, depois que o advogado Mozart Baldez que é presidente do Sindicato dos Advogados do Estado do Maranhão (SAMA), publicou em seu perfil no Facebook as fotos da visita.

— Parabéns ao magistrado, ao MP presente e aos auxiliares da justiça. Que esse exemplo seja seguido pelos pares do magistrado Francisco Eduardo Girão Braga — comentou Baldez numa publicação que teve mais de 2.418 pessoas alcançadas, 16 compartilhamentos e mais de 46 curtidas.

Enfrentar estradas de terra com seus assessores para ir aonde o povo está, foi a saída encontrada pelo magistrado para atender a população, já que a área de conflito fica na zona rural de Pirapemas e o acesso ao Fórum de Cantanhede é difícil devido às distâncias e dificuldade de transporte.

MAGISTRADO RECEBE ELOGIOS
Os internautas, por exemplo, se surpreenderam com a inovação. “A palavra convence, mas só o exemplo arrasta”, disse em comentário o internauta Sivaldo Dias Das Neves.

Na opinião da internauta Fernanda Abreu Cruz, a iniciativa é um exemplo a ser seguido. “Parabéns pela iniciativa! Um bom exemplo a ser seguido!”, declarou.

LÍDER NO RANKING DE CONFLITOS
Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Maranhão lidera o ranking de conflitos por terra no país, com mais de 224 registros.  O estado também é “campeão nacional” de ameaçados de morte no campo. A região de Pirapemas é conhecida pelos seus conflitos agrários, principalmente às famílias dos quilombos Pontes e Salgado que há vários anos são vítimas de vários tipos de humilhações, ameaças, intimidações sérias e violência em seu território. Os quilombolas já tiveram suas casas incendiadas e a água do poço que uma comunidade utilizava  foi envenenada. Os processos se arrastavam há mais de 12 anos, mas ao que parece, essa demanda começa a mudar de realidade.