O Ministério Público está investigando a suspeita de facilitação de fugas no sistema penitenciário do Maranhão e a possível existência de uma rede de proteção que privilegia criminosos com alto poder aquisitivo. De acordo com a Promotoria de Execuções Penais, 12 presos fugiram de unidades de São Luís em 2015, a maioria do Complexo de Pedrinhas.

O caso mais recente foi o de Nilson da Silva Sousa, que fugiu do Presídio São Luís (PSL) 3 nessa quinta-feira (23). Ele foi um dos líderes da maior e mais violenta rebelião já registrada no sistema penitenciário do Maranhão. A rebelião, que aconteceu no Complexo de Pedrinhas em novembro de 2010, deixou 18 detentos mortos, três por decapitação.

Nilson da Silva Sousa já havia fugido do PSL 3 em fevereiro, com mais dois detentos, e foi recapturado após assalto a uma agência dos Correios na cidade de Imperatriz, no Maranhão.

Os presos que estão fugindo têm certo poder aquisitivo, em decorrência de produto do crime praticado por eles que é assalto a bancos, caixas eletrônicos, correios e etc.”

Um processo investigatório foi aberto pelo promotor de execuções penais Pedro Lino para apurar as circunstâncias desta e de outras fugas ocorridas desde 2013 na capital. Ele destacou que um detalhe sobre os fugitivos tem chamado atenção.

“Os presos que estão fugindo têm certo poder aquisitivo, quando falo em poder aquisitivo falo em decorrência de produto do crime praticado por eles que é assalto a bancos, caixas eletrônicos, correios, etc. São pessoas que tem um laço financeiro por trás e que podem estar financiando essas fugas”, afirmou.

O promotor afirma que o PSL 3 foi concebido como uma unidade de segurança média com características de máxima e o número excessivo de fugas causa estranheza ao Ministério Público, que instaurou pelo menos três procedimentos investigatórios.

“No nosso ponto de vista achamos estranho essas fugas. Nós precisamos saber se efetivamente isso está acontecendo e saber até onde vai o alcance da responsabilidade de cada uma das pessoas que estão fazendo a segurança do estabelecimento prisional”, disse.

Investigação detalhada
As investigações do Ministério Público vão além da última fuga registrada no PSL 3. O promotor revelou que existem três procedimentos distintos em andamento. O primeiro apura as circunstâncias da tentativa de resgate de seis presos em setembro de 2014, quando bandidos usaram uma caçamba para abrir um buraco no muro do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas.

O ataque ao CDP neste ano também está sendo investigado. Na ocasião, os invasores escalaram os muros da unidade e libertaram quatro presos. Nos dois resgates, os presos estavam fora das celas no momento da ação criminosa.

“Nós temos visto que as fugas dos presídios daqui  de São Luís estão tendo uma conotação cinematográfica. São coisas que a gente só vê em filmes hollywoodianos e, por conta disso, a gente achou por bem também estender a questão da apuração para saber o que está acontecendo nessas outras unidades”, explicou o promotor Pedro Lino.

Sem prazo para encerrar o procedimento investigatório, Pedro Lino acredita que a evolução da principal averiguação, que é a apuração das fugas de 2013 até a presente data, deva revelar as circunstâncias das fugas registradas nos presídios maranhenses.

Fuga do PSL 3
O detento Nilson da Silva Sousa, que fugiu do PSL 3 na tarde dessa quinta-feira (23). A fuga é a quarta registrada no sistema prisional maranhense em 2015. Na madrugada do dia 5 de abril, quatro detentos foram resgatados por um grupo criminoso do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas. Os homens atiraram nas guaritas de segurança e colocaram uma escada em um muro que estava sem cerca elétrica, dando fuga aos presos.