Do GloboEsporte.com

“Vai demorar”. A afirmação é de um trabalhador que esteve em atividades nas obras de recuperação do Nhozinho Santos. Interditado desde outubro do ano passado, o estádio tem deixado saudade à torcida maranhense e tem data de entrega das obras carregada de dúvidas.

A Prefeitura de São Luís-MA, por meio da Secretaria de Desportos e Lazer, informa que o Nhozinho Santos será entregue ainda este mês. Porém quem vai ao Gigante da Vila Passos, encontra obras totalmente paradas.

Nossa reportagem recebeu a denúncia, por meio de trabalhadores que estão na obra, que, há dois meses, os vencimentos, não estão sendo pagos e por isso eles estão de braços cruzados e sem previsão de retorno.

– Neste momento só pessoal da pintura externa dos ferros estão trabalhando. Dentro do estádio mesmo não tem ninguém. Tem muita coisa para fazer. Eles deram um prazo de 40 dias, isso para mim é praticamente um mês, mas até agora nada. Tem muita coisa a fazer lá. Tem obra demais ainda e desse jeito ninguém trabalhando vai demorar. Vamos ver aí – disse um operário que não quis se identificar.

A reportagem do GloboEsporte.com foi até ao Nhozinho Santos para saber como anda o desenvolvimento das obras, mas nossa equipe não teve acesso permitido. Porém, por meio das aberturas de portões era claro que nenhuma obra estava acontecendo dentro do estádio na manhã desta quarta-feira.

No estádio estavam o coordenador do Nhozinho Santos, Elder Alves, e o administrador, Luizan Costa, que não permitiram nosso acesso e afirmaram que detalhes sobre as obras deveriam ser endereçados a Secretaria de Desporto e Lazer. Mesmo sendo os representantes da referida, eles afirmaram não ter autorização para falar das obras.

O secretário de Governo de São Luís, Lula Fylho, disse que houve atraso no pagamento da empresa por conta do tramite para formalização do processo de pagamento da prestadora de serviço.

– Nós estamos acompanhando esse situação do Nhozinho Santos. Houve um atraso no pagamento por conta da formalização do processo de pagamento, mas já foi resolvido e a empresa será paga até esta quinta-feira (9) – disse.

Por telefone, o secretário de Desporto e Lazer, Júlio França, revelou que com o atraso das obras terá que remarcar a entrega da revitalização do Nhozinho Santos. Segundo ele, será feito um pedido para dobrar o número de trabalhadores no estádio no intuito de acelerar a conclusão dos reparos emergenciais.

–  Inicialmente estávamos trabalhando para entregar o estádio para o dia 19, quando o Moto joga pelo Campeonato Brasileiro, mas com o atraso na obra ainda tenho que confirmar com a empresa a data da conclusão da obra. Vamos pedir à empresa que dobre o número de funcionários para que possamos recuperar o tempo perdido – afirmou.

Moto Club e Maranhão, que disputam a Série D este ano, já afirmaram ter interesse em jogar suas partidas pelo nacional no Nhozinho Santos e aguardam a entrega da recuperação do estádio. O Sampaio também já demostrou vontade de fazer algumas partidas da Série B do estádio.

INTERDIÇÃO

A vistoria que lacrou o estádio foi realizada no dia 6 de outubro de 2015 com a presença do Ministério Público do Maranhão por meio da Promotoria de Defesa do Consumidor e do Corpo de Bombeiros com homens do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE).

Na oportunidade, rachaduras foram encontradas em algumas partes da estrutura, além de outros problemas que não haviam sido corrigidos desde 2013 quando foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o MP e a Semdel.

Naquela oportunidade, a Semdel se manifestou por meio de Robson Martins, então responsável pelo estádio. A informação era que em dezembro as obras para melhorias no estádio iniciariam, mas nada foi feito. Martins saiu dias depois da administração do estádio.

O estádio fica localizado na região central e já foi palco de grandes conquistas do futebol do Maranhão, como o primeiro título nacional de um time maranhense, do Sampaio em 1972, na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, chamado à época também de “Brasileirinho”. A capacidade chegou próximo aos 25 mil torcedores, mas depois de colocadas cadeiras em toda a arquibancada, o estádio suporta 11 mil torcedores.

ABANDONO

Em abril deste ano, a reportagem do Globoesporte.com denunciou o abandono do estádio. Na oportunidade, nossa reportagem revelou fotos com o mato tomando conta no Nhozinho Santos.

Com a situação, ganhou força nas redes sociais um movimento de torcedores dos clubes de capital (Moto, Sampaio e Maranhão) para que a Prefeitura de São Luís se manifestasse e apresentasse algo sobre a retomada das atividades no estádio o mais breve possível. Atletas, treinadores e dirigentes também se manifestam.

O Moto chegou a apresentar um projeto, no fim de 2015, no qual garantia a administração do estádio em uma parceria com a Prefeitura de São Luís. Até uma maquete foi apresentada aos torcedores na festa de lançamento do uniforme. O clube tentou, mas a resposta da Semdel foi no sentido contrário.

PROMESSA

Interditado desde outubro de 2015, o estádio Nhozinho Santos começou a receber reparos emergenciais para ser reinaugurado em tempo hábil para a disputa da Série D. O local, que estava completamente abandonado, passou a receber obras em abril.

Segundo informa a Semdel, parte do estádio conta com a instalação de reforços metálicos na estrutura de alvenaria. Nas arquibancadas, operários trabalham no acabamento e na pintura, além da instalação de nova iluminação para a área coberta e a construção de novas saídas de emergência.

O placar eletrônico do estádio seria recuperado, além de receber limpeza e higienização de toda a área interna. Além disso, serão realizadas novas obras para garantir acessibilidade às pessoas com deficiência ou locomoção