Em 2024, o Brasil viveu a maior epidemia de dengue da história do país: o Ministério da Saúde estimou até 4,2 milhões de casos da doença, mas o ano foi fechado com mais de 6,6 milhões de casos prováveis e mais de 6 mil mortes. E após dados preocupantes do último ano, especialistas em saúde já estão em alerta para 2025: dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses registram este ano, até o momento, cerca de 220 mil casos prováveis da doença, com 52 mortes confirmadas e 256 em investigação.
A grande preocupação dos especialistas para este ano é com o sorotipo 3 da doença, que não circulava no Brasil há quase 20 anos, como explica o médico veterinário e especialista em epidemiologia e saúde pública, Raphael Castro.
“Existem quatro sorotipos de dengue diferentes circulantes no país (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), transmitidos para a população por meio da picada do mosquito Aedes aegypti. Segundo o Ministério da Saúde, o sorotipo 3 (DENV-3) foi predominantemente circulante no Brasil há 17 anos, e de lá pra cá poucos casos ocorreram. Com isso, crianças, adolescentes e todas aquelas pessoas que não tiveram contato com o sorotipo 3 anteriormente, hoje são mais vulneráveis à infecção, sendo assim, essa parcela da população está sob maior risco de adoecimento pelo sorotipo 3”.
O profissional explica que a preocupação pela infecção da dengue tipo 3 se dá por conta dos desdobramentos que o adoecimento em massa, dessa parcela da população, pode causar: muitos casos graves surgirão e necessitarão de atendimento hospitalar, gerando um colapso nos serviços de saúde, com faltas de leitos, medicamentos e até insumos.
“Diante desse cenário, isso pode se tornar um agravante para a saúde das pessoas doentes e contribuir para o aumento do número de mortes em determinados locais. Não é necessariamente mais grave a infecção pelo sorotipo 3. Além da gravidade sanitária provocada pelo adoecimento em massa dessa parcela da população, pessoas que já tiveram contato com o vírus da dengue anteriormente, causado por um ou dois sorotipos distintos, em caso de reinfecção podem sim desenvolver um quadro mais grave e isso ser confundido como sendo gravidade relacionada ao sorotipo 3, quando na verdade é uma consequência de uma reinfecção de outro sorotipo do vírus da dengue”, esclarece o professor da Estácio.
Raphael Castro, especialista também em vigilância sanitária, ressalta que a vacinação contra a dengue é de extrema importância no combate à doença somada também a outras ações.
“É uma tecnologia voltada ao desenvolvimento de imunidade nas pessoas, com objetivo de reduzir os casos graves ou até impedir o adoecimento por dengue. A vacina é um instrumento extremamente benéfico para toda população e já foi avaliada em testes laboratoriais, tendo sua eficácia comprovada. Além da vacina, é importante combatermos a disseminação da doença entre as pessoas, sendo importante reduzir ou eliminar a multiplicação do mosquito transmissor, que se multiplica em lugares onde se armazena água. O Aedes aegypti bota ovos em tampinhas de garrafa soltas no quintal, baldes, tanques, piscinas, calhas, ralos, ou seja, há uma diversidade de formas de manter a água aprisionada. É muito importante que a população inteira colabore com a redução do número de criadouros em suas casas, quintais, áreas de convivência, evitando a multiplicação dos mosquitos, que consequentemente farão a transmissão do vírus ocasionando o adoecimento das pessoas”, encerra o professor do curso de Medicina Veterinária da Estácio.
Leia mais notícias em isaiasrocha.com.br e nos sigam nas redes sociais: Facebook, Twitter, Telegram e Tiktok. Leitores também podem colaborar enviando sugestões, denúncias, criticas ou elogios por telefone/whatsapp (98) 9 9139-4147 ou pelo e-mail isaiasrocha21@gmail.com