O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso, doou R$ 50 mil para a campanha do ex-governador Flávio Dino (PSB), que é candidato a senador pelo Maranhão nas eleições deste ano.
O valor foi doado por transferência eletrônica na última terça-feira (16), segundo o registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A quantia doada pelo executivo é simbólica perto do montante total recebido pelo socialista neste pleito, que soma R$ 3.020 milhões em repasses do seu partido e de pessoas físicas.
No entanto, não é o valor doado que chama a atenção, mas quem doou. Armínio Fraga é um dos maiores investidores do Brasil. O executivo é sócio fundador da Gávea Investimentos e sua atuação em grandes instituições financeiras internacionais também são destacadas.
Em 2015, segundo reportagem do R7, ele teve seu nome envolvido no escândalo do Swissleaks. Na época, o fundo intitulado Armínio Fraga Neto Fundação Gávea, foi alvo de investigação nos Estados Unidos por ter transferido US$ 4,4 milhões de uma conta bancária nas ilhas Cayman para uma conta do HSBC na Suíça, conforme informação de uma fonte do FBI, polícia federal norte-americana.
Além disso, documentos apontavam ainda que, para supostamente evitar a tributação de impostos, Fraga teria declarado à Receita Federal que o fundo era filantrópico, ou seja, isento de tributos.
Quando o escândalo estourou, Fraga disse que a investigação nos EUA é “100% ficção”, mas admite que o fundo existiu.
— Investi nesse fundo há sete ou oito anos, mas tudo dentro da legalidade. Todas as minhas contas, de minha família e da Gávea Investimentos são declaradas perante as autoridades competentes, brasileiras e americanas. Não houve esta transferência mencionada, houve sim um investimento regular e documentado. Não temos notícia de qualquer investigação sobre o tema.
As autoridades americanas chegaram ao fundo após investigar a lista dos clientes de todo mundo que mantinham contas no do HSBC da Suíça. A lista foi vazada a jornalistas por um ex-funcionário do banco, no caso que ficou conhecido como “Swissleaks”.
Caso Marka
O doador da campanha de Flávio Dino também ficou conhecido após prestar depoimento sobre o caso Marka – operação de socorro de aos Bancos Marka e Fontecindam durante a desvalorização do real, em 1999.
Na época, ele prestou depoimento na justiça do Rio de Janeiro como testemunha de defesa no processo que apurou a participação do ex-presidente do banco, Francisco Lopes, em atos de corrupção passiva e peculato.
O prejuízo aos cofres públicos foi de um bilhão e seiscentos milhões de reais, e o Banco Central era presidido pelo economista Chico Lopes.
Armínio Fraga justificou a operação dizendo que ela foi feita para evitar o chamado “risco sistêmico” na economia. Ele também defendeu a então chefe do departamento de fiscalização do BC, Tereza Grossi.
Disse que não cabia a ela a responsabilidade pela decretação da falência dos bancos.
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