Artuzinho tem 16 apostas de que Lula irá vencer as eleições em 2022 — Foto: Arquivo pessoal

Do G1 – O empresário Artu Oliveira, o Artuzinho, que apostou R$ 800 mil na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição para presidente, não está confiante de que poderá ganhar apenas uma vez. Ao todo o empresário, que em 2018 votou no presidente Jair Bolsonaro (PL), diz que já fez 16 apostas na vitória do ex-presidente petista no pleito de 2022.

Somando todas as apostas, são mais de R$ 1,5 milhão em jogo, segundo Artu. Apesar do alto valor em disputa, ele conta que não está com medo de perder tudo.

“Perde não. É no primeiro turno. Os eleitores do Lula estão acuados. Mas na hora do voto você vai ver”, disse ele.

Divulgada em 15 de setembro, a mais recente pesquisa Datafolha encomendada pela Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo” mostra que o ex-presidente Lula tem 45% das intenções de voto no primeiro turno da eleição presidencial, seguido por Bolsonaro, que tenta a reeleição, com 33%.

Tudo começou com uma aposta de um cavalo de vaquejada, que vale R$ 40 mil. Mas logo outras pessoas foram “desafiar” o empresário e apostar gado, carros, caminhões e ouro.

Todas as apostas eram registradas em vídeos, que foram se espalhando no município de Grajaú, a 580 km de São Luís. Era a forma de ‘oficializar’ as disputas, sempre feitas no boca a boca e com testemunhas.

Artu também foi aceitando as apostas e desafiando outras pessoas. Até que um dos vídeos chegou nas mãos de Gildemberg de Sá Pinto, que decidiu ir além e apostar a maior quantia até agora: R$ 800 mil.

“Conheço o Artu só de vista, não somos próximos. Mas ele mandou um vídeo [convidando pra aposta] e eu resolvi dar a resposta. É a primeira vez que faço uma aposta assim”, afirmou Gildemberg.

Artuzinho (à esquerda) e Berguinho (à direita) — Foto: Arquivo pessoal

Quem são Gildemberg e Artu

Gildemberg, que está convicto na vitória do atual presidente, tem 51 anos e nasceu em Pernambuco, mas mora há cerca de 25 anos em Grajaú. Atualmente, ele trabalha como empresário do ramo da mineração e pretende dar 11.111 toneladas de pedras de gesso (avaliada em R$ 800 mil), caso perca a aposta.

Por outro lado, Artu colocou em disputa uma chácara de 23 hectares, localizada a 41 km de Grajaú, também avaliada em R$ 800 mil. Ele tem 45 anos e nasceu e foi criado dentro do município.

Na cidade, Artuzinho vive atualmente como empresário em vários ramos, especialmente na pecuária. Também é filiado ao Republicanos e já tentou ser prefeito no município, mas perdeu as eleições em 2020. Agora, ele quer voltar a se filiar ao PT, onde estava filiado antes do Republicanos.

Contrato de aposta no valor de R$ 800 mil na vitória de Lula ou Bolsonaro foi feito por empresários do Maranhão — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters; reprodução; e SUAMY BEYDOUN/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Em 2020, o nome de Artu também apareceu na lista do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os milionários que receberam Auxílio Emergencial do Governo Federal. Sobre isso, Artu afirma que, sem que soubesse, um parente pediu o dinheiro em seu nome. Ele diz que devolveu a quantia assim que descobriu.

Em outro caso, também em 2020, o Ministério Público do Maranhão abriu uma Ação Civil Pública contra um suposto esquema de alienação de veículos em leilões feitos pela Prefeitura de Grajaú, no qual alguns secretários estariam sendo beneficiados. O nome de Artu consta entre os investigados, mas ele diz que não era secretário na gestão e que provou isso ao MP.

Aposta formalizada e confiança reforçada

Diferente das anteriores, a aposta dos R$ 800 mil formalizada no 1º Ofício do Cartório do município, no dia 1º de setembro. Entre as cláusulas do contrato está uma exceção: caso qualquer um dos candidatos saia da disputa, o acordo será desconsiderado. Porém, ambos sequer cogitam a ideia de desistir.

“Todas [16 apostas] estão de pé. Aqui só faz” – diz Artu.

“A todo vapor. Regredir jamais” – conta Berguinho.

Mesmo com essa inusitada e valiosa aposta, ambos não colocam as divergências políticas acima do respeito e até uma possível perda financeira não vai abalar a relação entre eles, segundo Gildemberg.

“Nós vivemos numa democracia. Tenho amigos do PT, do Bolsonaro. Acho que devemos respeitar”, disse Berguinho.

Contrato de aposta entre Artuzinho e Berguinho — Foto: Arquivo pessoal

 

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