Semed precisa explicar gastos exorbitante em um único veículo em menos de um mês

A Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), teria apresentado notas fiscais de abastecimentos de veículos com indícios de irregularidades na gestão do ex-prefeito Edivaldo Júnior (PSD), período em que a pasta estava sendo comandada pelo ex-secretário Raimundo Moacir Mendes Feitosa. É o que aponta recibos sobre os gastos do órgão com combustíveis no ano de 2020, período em que a capital enfrentava o pico da pandemia

De acordo com documentos que a reportagem teve acesso, um único veículo, uma picape Ford Ranger CD XLS, de placa PTA-1838, foi recordista com a despesa no mês de junho. Em menos de 30 dias, o automóvel usou combustível suficiente para ir de São Luís até o Chile, país localizado no extremo oeste da América do Sul.

Veiculo marca Ranger, modelo 2017/2018, está em nome da Semed

Na época, foram nove abastecimentos que variaram entre 65 a 70 litros, totalizando 610 litros naquele mês. Considerando o preço do diesel em julho de 2020 de R$ 3,14, a despesa total nos nove dias com combustível foi de R$ 1.915,4.

O carro que integra a frota da Semed tem autonomia para rodar 11 km por litro de combustível. Assim, com 610 litros de diesel é possível rodar acima de 6,4 mil km.

A distância é equivalente a ir de carro de São Luís até Santiago, no Chile. É igual também ao território do país sul-americano, com mais de 6.000 km de litoral ao longo do Oceano Pacífico.

De acordo com Detran, a malha rodoviária urbana do Tocantins, é de 6 mil km. Isso significaria dizer que veículo oficial da Semed passou por cada uma das ruas do estado vizinho do Maranhão ao longo daquele mês.

Curioso, é que em alguns casos, a quilometragem não consta nos recibos. Outro detalhe que não passou desapercebido: entre os dias 03 e 06 de julho, o veículo abasteceu 140 litros, sendo 70 litros em cada dia. Ou seja, é impossível convencer alguém que uma caminhonete à diesel tenha gastado quase sua capacidade de tanque em dois dias, né?

Foram 610 litros em menos de um mês. Chama a atenção o intervalo das datas dos abastecimentos.

 

Algumas dos recibos que comprovam o ‘tanque furado’. Chama a atenção que em alguns casos, o documento não informa a quilometragem durante o ‘abastecimento’

Reincidência de ‘tanque furado’

Não é a primeira vez que a prefeitura ludovicense ignora crise ao ‘abastecer’ veículos oficiais. Em 2013, por exemplo, a administração municipal gastou o equivalente a R$ 303.678,68 em combustíveis, para abastecer parte da frota oficial do município, incluindo alguns veículos sem uso oficial. Na época, uma caminhonete com placas NNC 1916, que estava fora de circulação desde 2012, foi “abastecida” pelo menos 4 vezes naquele ano.

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