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Presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) disse que não criará dificuldade para a adesão de integrantes da legenda ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo, o congressista garante que seu partido seguirá formalmente fora da base de apoio ao governo.

“Eu dou minha palavra de que o PP não vai para o governo. Eu não sou menino de não achar que há uma parte do meu partido queira ir para o governo. Principalmente o pessoal do Nordeste. E eu tenho todo o respeito ao [Arthur] Lira. Mas do mesmo jeito que o Lira comanda a Câmara, e eu respeito isso, muito me recolhi para não desautorizá-lo, agora, partido quem comanda sou eu”, afirmou em entrevista ao Valor Econômico publicada nesta quinta-feira (12/07).

Segundo Nogueira, se o governo quiser dar cargo para o partido é pensando só na Câmara. “Eu acho legítimo. O governo tem que ter uma base, o que ele hoje não tem. Eu até posso não interferir nessas pessoas irem para o governo, desde que não envolvam o partido, desde que não prometam o partido”, declarou.

O senador afirmou nutrir um afeto recíproco por Lula, mas disse que não conversa nem pretende conversar com o petista. “Eu sei que o Lula gosta de mim e eu gosto dele. Lula me chama de ‘Cirinho’. É uma pessoa que eu gosto. Com a Dilma eu tinha relação política. Com o Lula não. Eu sei que ele gosta de mim e eu gosto dele. Ele pensa: ‘o Ciro foi governo em todos e não vai ser no meu’. Ele não aceita isso. Mas eu não tenho como. Seria magoar o presidente Bolsonaro de uma forma, e eu não vou fazer isso”, declarou.

REFORMA TRIBUTÁRIA

Ciro Nogueira afirma que tentou conversar com seus colegas de que a reforma tributária não se trata de um “projeto do PT”. Diz que trabalhará por sua aprovação no Senado, com alguns ajustes. Além disso, ele avalia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) errou ao se opor à matéria.

“Ele sentiu que errou. Foi levado ao erro por aquelas pessoas mais extremistas. O próprio Valdemar errou. Eu estive na reunião [do PL sobre tributária] cedo. Eu comecei a perguntar aos deputados por que eles eram contra a reforma, qual ponto poderia ser melhorado. […] Quando eu vi que ninguém ali tinha lido o texto, eu vi que o debate não ia ser bom e fui embora”.

A reunião do PL que Nogueira cita é a realizada em 6 de julho, na qual o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi vaiado depois de se manifestar favorável à reforma tributária. Ao lado de Bolsonaro, o chefe do Executivo paulista disse achar “arriscado” a direita abrir mão do projeto.

“Eu nunca imaginei que o Tarcísio fosse chegar lá. Se soubesse eu teria tirado ele de lá. Eu sabia que ele estava reunido com o Bolsonaro, mas não que iria para lá. Ali foi um erro”, afirmou Ciro Nogueira.

O presidente do PP disse que, para manter a direita unida e garantir as próximas eleições, é preciso evitar que os “doidos” tomem protagonismo, em referência aos extremistas. Questionado sobre um risco de racha na direita, o senador declarou o seguinte:

“Não vejo o menor risco disso. A não ser que pessoas tipo eu, não atuem. E a gente tem muita ascendência sobre o Tarcísio e o presidente Bolsonaro. Se deixar esses doidos tomarem conta, aí vai perder. Eu, a Tereza, o Rogério Marinho, o próprio Valdemar, não vamos deixar isso acontecer”.

Ciro fez críticas ao deputado Ricardo Salles (PL-SP), que estaria “magoado” porque desistiu de se candidatar à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024 por falta de apoio interno e críticas públicas do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

“Tem aqueles deputados que querem aparecer de qualquer jeito. O Salles fez aquele discurso contra o Tarcísio por nada. Porque está magoado, foi tirado [da disputa pela prefeitura] em São Paulo. Todo mundo sabe que foi um erro [ficar contra a reforma]”, afirmou o senador.

EIS OUTROS TÓPICOS TRATADOS NA ENTREVISTA: 

Vice-Presidência da República: “Tenho um sonho de ser vice-presidente, não vou negar para vocês. Mas qual a melhor chapa hoje? É Tarcísio e Michelle ou Tarcísio e Zema. São muito mais fortes que eu. E eu quero ganhar a eleição. Lá na frente, Zema não é candidato, Michelle não é candidata e o candidato tem que ser do Nordeste, talvez eu seja o melhor candidato.”

Erros de Bolsonaro: “A grande sorte nossa é que o Bolsonaro tem errado em algumas coisas, mas o Lula tem errado mais que ele. Nas nossas pesquisas, os dois estão caindo. Eu acho que o Bolsonaro a gente conserta. Não vai acertar em tudo, mas vai errar pouco. E o Lula vai continuar errando até o fim.”

Apoio a Tarcísio: “Eu acho mais fácil um cara como o Tarcísio ganhar a eleição do que o Bolsonaro. O Tarcísio não tem a rejeição do Bolsonaro. Bolsonaro apaixona mais, bota o povo na rua. Mas nós precisamos é desse eleitor que não é apaixonado. Agora, nós só ganhamos a eleição com Bolsonaro, ele é um grande líder. Tarcísio não tem a capacidade de liderar, Tereza não tem, Romeu Zema não tem.”

Rodrigo Pacheco: “Eu torço dia e noite para que ele seja ministro [do STF]. Seria um grande ministro. É um grande jurista. Ele é muito discreto. Hoje existe um protagonismo do Supremo que é demais. Me cita os 11 jogadores da seleção brasileira. Duvido que você saiba. Eu não sei, que sou apaixonado por futebol. Agora os 11 do Supremo você sabe.”

André Fufuca: “Ele é como um filho para mim. Eu saí da presidência do partido e botei ele como meu substituto, fiz ele líder duas vezes. É um cara que quer ser ministro, noto que ele quer ser e eu não vou impedir. Se eu disser para ele não ir, ele não vai, mas não vou fazer isso.”

Gilberto Occhi: “É um cara próximo a mim, mas dentro do quadro do PP tem [chances de ser ministro] e eu até entendo ele ir [para o governo], desde que não seja ‘ah, foi o Ciro que indicou’. Eu não estou indicando, não tenho participado dessas conversas. Não aceitei conversar com o presidente Lula, nem vou conversar com ele até o final do governo. Não podem colocar na minha conta essas indicações.”

Banco Central: “Eu acho que as críticas já diminuíram. Ele [Lula] continua porque tem que fazer essas críticas. Todo mundo sabe que está tudo certíssimo, mas agora é retórica, cortina de fumaça. O juro já vai cair agora. Eu sou um fã número um do presidente do Banco Central. Ele é o melhor economista do Brasil e um dos melhores do mundo.”

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