Ao tratar aliados e rivais iguais, Braide consegue aprovar qualquer projeto enviado à Câmara, mesmo sem uma base consolidada na Casa

A saída do vereador Marlon Botão (PSB) da base do governo na Câmara Municipal de São Luís (CMSL) vem motivando aliados a tentar impor regras de comportamento ao prefeito Eduardo Braide (PSD) como condição de apoio à sua pré-candidatura à reeleição.

Do baixo ao alto clero, aliados exigem tratamento equânime de secretários, e, especialmente, do chefe do Executivo ao staff de apoio no Legislativo. A reivindicação é que se prestigie de forma ‘diferenciada’ os governistas em relação aos traidores. Braide, entretanto, ignora e segue usando o princípio da igualdade aristotélico para manter a força dentro e fora da Câmara. Explico.

Aristóteles, importante filósofo grego, a partir de seus estudos oriundos da escola Platônica, elaborou um conceito de igualdade. De acordo com o filósofo, deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.

Esse pensamento do célebre jus filósofo não quis disseminar o preconceito entre as diferenças, mas considera que já que elas existem que sejam tratadas como tais, com a finalidade de pôr fim gradativamente a linha tênue que liga a desigualdade a certas circunstâncias.

Esse conceito que cumpre o princípio da liberdade vem sendo colocado em prática na Câmara. Por isso, mesmo sem maioria na Casa, vem sendo possível ao prefeito aprovar qualquer projeto enviado ao Legislativo. De janeiro de 2021 a junho deste ano, o blog fez uma análise detalhada sobre o caso e descobriu que Braide não aplicou punições e nem retaliações, aplicando sempre o tratamento isonômico.

Um fato neste sentido chamou a atenção na noite do dia 28 de junho, durante a programação do “São João no Bairro”, da Prefeitura de São Luís, no Coroadinho.  A comunidade foi a primeira a receber o evento que descentralizou a festa junina na capital, proporcionando um espetáculo de cores, luz, arte e cultura com as apresentações de danças folclóricas e do bumba meu boi.

“Vim aqui trazer pessoalmente o meu abraço e participar com vocês desse momento tão especial. A exemplo do ‘Natal no Bairro’, eu disse que também ia trazer o São João pra cá; portanto, hoje é dia de aproveitar essa festa que é do nosso coração”, disse Braide, acompanhado dos vereadores Daniel Oliveira (PL) e Nato Júnior (PDT). Os dois são adversários na região e, o primeiro é líder do governo, mas, mesmo assim, o gestor não fez diferenciação e preferiu convidá-los para o mesmo palanque demonstrando que não existem retaliações.

Braide colocou Daniel Oliveira e Nato Júnior no mesmo palanque, mesmo sendo adversários na região

Outro fato que também chamou a atenção ocorreu no bairro do São Cristóvão, na manhã do dia 17 do mesmo mês. Na oportunidade, o prefeito entregava a Unidade de Educação Básica (U.E.B.) Felipe Condurú, totalmente reformada.

“Agradeço às equipes da Semed e da Semosp e ao vereador Chaguinhas, porque ninguém administra uma cidade sozinho, é um trabalho conjunto. E quero dar boas notícias para vocês: vamos distribuir também, após as férias escolares, novo fardamento e mais computadores”, declarou.

Aparentemente, a menção a Chaguinhas, pode até ser vista como uma retaliação ao vereador Octávio Soeiro, que passou a adotar uma postura mais independente na Câmara. No entanto, o que se pode analisar das palavras do mandatário ludovicense é uma espécie de equilíbrio das forças numa região que elegeu em 2020 dois aliados dele que rivalizam naquela parte da cidade.

Além dos dois casos citados temos muitas outras situações entre apoiadores do governo municipal numa mesma região que recebem tratamento igualitário. Assim, com o conceito da igualdade aristotélica, Braide estabeleceu critérios no tratamento de desiguais para permitir que todos os aliados [ou ex-aliados] possam tornarem-se iguais, cumprindo o princípio da liberdade.

Ao mencionar Chaguinhas em inauguração de escola, Braide não fez retaliação a Octavio Soeiro, mas buscou equilibro de força entre vereadores que rivalizam na mesma região

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