Imprensa livre existe para a democracia e não para governos

O tema sobre a imparcialidade da imprensa voltou a entrar com força na campanha eleitoral deste ano, trazido pelo governador Carlos Brandão (PSB) que disputa a reeleição para o governo do Maranhão.

Ao justificar sua ausência no debate promovido nesta quinta-feira (18) pela TV Difusora, o socialista disse que debaterá apenas em veículos “imparciais”. “A Difusora não é neutra”, frisou.

Diante do comentário paradoxo, faço três importantes perguntas: existe algum limite para atuação da mídia? Afinal, como é que um veículo de comunicação pode ser imparcial, se ele não for livre? A imprensa livre existe para a democracia ou para agradar governos?

O governador tem todo direito de não comparecer a sabatina ou entrevista, quando convidado por uma ou outra emissora para evitar escorregar em questionamentos constrangedores de jornalistas como no episódio dos quilombolas maranhenses onde afirmou que ‘a gente tem que conviver com eles’. Se o objetivo for apenas este creio que a discussão seria plenamente válida, embora não possa concordar.

O problema, entretanto, é que essa lógica não ocorre durante os debates eleitorais, que são confrontos entre concorrentes onde um jornalista atua apenas com mediador cuja principal função é a facilitação da comunicação entre os mediados.

Por isso, em minha opinião, não seria possível cobrar ‘imparcialidade’ num debate entre candidatos adversários, mesmo que eles tenham sido aliados no passado. Programas como estes possuem muita relevância por vários motivos, pois os encontros televisionados tornam-se uma oportunidade ímpar de exposição. Por serem espaços de confronto de ideias, o eleitor tem uma grande oportunidade de comparar os posicionamentos dos postulantes e alcançar conclusões mais contundentes a respeito deles.

Sem ter como explicar sua ausência no programa desta quinta-feria, o governador disse que a emissora não tem isenção, como se o debate não fosse apenas com os próprios adversários.  É aquela história, a ‘imparcialidade’ cobrada por Brandão é semelhante à liberdade de expressão propagada por Bolsonaro: é ótima desde que seja exercida em prol dos seus interesses! É nítido que muitos políticos querem mesmo é controlar o conteúdo do que se divulga, se possível tentando pautar a linha editorial dos veículos de comunicação.

E alguns que criticam e se revoltam com a chamada “parcialidade da mídia” e “críticas infundadas” ou “interpretações enviesadas” costumam publicar em redes sociais conteúdos pra lá de suspeitos contra oposicionistas, compartilhados por blogs e sites alinhados, sem qualquer credibilidade e que vivem para criar factoides, matérias que às vezes não resistem à mínima visão crítica de veracidade de conteúdo. Nesse caso a imparcialidade já não se faz necessária.

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