O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), revogou, no final da noite dessa segunda-feira 9, a própria decisão que havia tomado mais cedo de anular a sessão que autorizou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Casa, realizadas nos dias 15, 16 e 17 de abril .
Além do documento de quatro linhas, confirmado pela assessoria de imprensa da Câmara, um ofício também foi assinado por Waldir Maranhão e encaminhado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), informando da revogação.
De acordo com interlocutores de Maranhão, ele foi aconselhado — desta vez, não foi pelo governador Flávio Dino (PCdoB) — , a voltar atrás após a ameaça de expulsão do PP e de suspensão de suas prerrogativas parlamentares pelo Conselho de Ética da Câmara.
Horas antes de assinar a revogação da própria decisão, o presidente interino da Câmara havia dado coletivo informando que o ato de anular o processo de afastamento da presidente foi tomado para “salvar a democracia brasileira”, mas como não suportou a pressão e decidiu seguir a orientação dos aliados, terminou o dia tentando salvar apenas o mandato e a filiação partidária.
Waldir Maranhão ainda tentou se explicar aos aliados, alegando que o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardoso, havia lhe dado garantias de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), bancaria a decisão de anular o processo. Em ligações disparadas já na madrugada desta terça-feira 10, porém, Cardoso negou que tenha feito qualquer tipo de promessa. O governador Flávio Dino, com quem o presidente interino esteve se aconselhando durante todo o último fim de semana, também foi colocado por Maranhão como outro que lhe deu garantias de que poderia fazer o que fez na manhã de ontem.
Apesar da mudança de posicionamento sobre o processo de impeachment ocorrido na Câmara, a expulsão de Waldir Maranhão do PP está marcada para às 10 horas de hoje.