Item essencial em qualquer política séria de saúde pública, a atenção básica agoniza em Rosário sobrecarregando as urgências e emergências de cidades vizinhas e aumentando as demandas sobre a média e alta complexidade em São Luís. O resultado é o caos nos Socorrões I e II, na capital do estado.
Responsável pela área, a prefeita Irlahi Linhares (PMDB) é frequentemente apontada como a culpada por esse desleixo que pode custar vidas. E de fato é ela que deveria investir na política de atenção básica. O problema é que a prefeita recebe os recursos, mas ao que parece, não vem investindo no setor, resultando em irregularidades que estão na contramão da humanização no atendimento de saúde na cidade.
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Assim como a educação, a saúde está no que se chama de políticas compartilhadas, ou seja, aquelas que são responsabilidade dos estados, da União e dos municípios. A estes caberia cuidar da atenção básica, essencial para a prevenção de doenças gerando qualidade de vida e economia no sistema, já que a ideia é evitar que os casos se agravem, aumentando os custos dos tratamentos mais complexos.
ENQUETE
A realidade de Rosário na área da saúde não é diferente dos outros 216 municípios maranhenses. Mas o município rosariense tem um agravante que se destaca entre os demais: por ser proprietária de uma clínica particular no município, a prefeita Irlahi Linhares é acusada pela população de não investir no setor e, segundo as denúncias, a gestora estaria acabando com algumas das especialidades gratuitas do Hospital SESP e, direcionando os serviços pagos com recursos do SUS, para a Clínica Nossa Senhora do Rosário, de sua propriedade.
O BLOG realizou um pesquisa detalhada no sistema DataSus e verificou que as supostas irregularidades no sistema público de saúde em Rosário, não é por falta de recursos.
De acordo com os dados, entre janeiro e maio deste ano, os recursos liberados por meio de crédito oficial do governo federal para o município rosariense totalizaram a bagatela de R$ 2.717.902,34 (dois milhões, setecentos e dezessete mil, novecentos e trinta e quatro reais e trinta e quatro centavos). Os valores são referentes à assistência farmacêutica; atenção básica; média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, além de vigilância em saúde.
Apesar do montante, a população rosariense diariamente reclama dos problemas nas estruturas físicas das unidades de saúde; da falta de medicamentos, de materiais básicos e até ausência de médicos para atendimento.
Para investigar possíveis irregularidades e má aplicação de recursos públicos no setor, a Câmara Municipal de Rosário (CMR) instalou, na última terça-feira (19), uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). No entanto, o inicio dos trabalhos do colegiado ainda não tem prazo. Existe suspeita de que a prefeita Irlahi Linhares estaria se articulando para impedir que a CPI inicie as investigações. Na última segunda-feira (25), por exemplo, o parlamento que só realiza sessão uma vez por semana, não alcançou quórum qualificado para abrir os trabalhos.
Para tentar esvaziar a CPI da Saúde, Irlahi já teria, inclusive, o apoio de vereadores que fazem parte da bancada de oposição. A estratégia da chefe do executivo rosariense é uma só: desmoralizar o Poder Legislativo, impedir as investigações no setor e deixar a população a míngua por serviços básicos obrigatórios no sistema público de saúde.