Weverton mostra força até no PCdoB ao ‘controlar’ o presidente da Assembleia

A expressão “ficar em cima do muro” significa dizer que alguém prefere não tomar posição em questões importantes, normalmente para não assumir responsabilidades ou não se expor por algo que lhe trará mais problemas e constrangimentos. Ou porque é indeciso, ou porque é omisso, ou porque é cético em relação às escolhas possíveis.

O ditado popular pode ser usado perfeitamente para definir o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado estadual Othelino Neto, que desde setembro de 2018, integra as fileiras do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), sigla que tem como pré-candidato em São Luís, o deputado federal licenciado Rubens Júnior.

Nos últimos dias, várias lideranças e autoridades dos Poderes Legislativo e Executivo se manifestaram contra ou a favor de pré-candidatos das principais legendas que dão sustentação ao governo.

Até líderes de partidos da oposição mudaram de posição para apoiar candidatos da situação, mas só o chefe do Palácio Manuel Beckman – que virou o  novo reduto de marajás do país – vem se mantendo inerte, pelo menos em tese, em relação à sucessão municipal na capital.

Diferente de outros correligionários, a exemplo do próprio secretário de Segurança – Jefferson Portela, que mesmo integrando as fileiras comunistas resolveu hipotecar apoio ao amigo pessoal e pré-candidato pelo Solidariedade – Carlos Madeira, Othelino vem adotando um silêncio sepulcral, mesmo diante da importância do processo eleitoral, que servirá de preparação para 2022.

Muito tem se comentado nos bastidores da Casa do Povo, mas ninguém ousa falar abertamente no assunto em relação ao posicionamento do chefe do legislativo estadual, na atual conjuntura que, segundo as más línguas, seria em razão de o parlamentar ter muito mais afinidade com o senador Weverton Rocha, presidente regional do PDT. Talvez, por esse motivo, ele esteja mais inclinado a apoiar a pré-candidatura de Neto Evangelista (DEM), principal aposta do senador na capital.

Por falta de posicionamento e fidelidade ao dirigente pedetista, Othelino adotou outra postura em relação ao pré-candidato do DEM: passou a adotar um apoio ‘incubado e acovardado’ sofrendo, inclusive, com a covardia e fraqueza de suas ações por fugir dos confrontos internos no próprio grupo político. Prova disso é o movimento, intitulado “Acolhendo Heróis”, idealizado para alavancar a pré-candidatura democrata, mas bancado na mídia radiofônica e televisa, com recursos do próprio parlamento.

Apoio ‘incubado’ de Othelino a Evangelista demonstra fidelidade à Weverton

A tola mediocridade de ficar “em cima do muro” é típica de quem age com intenção de abraçar o mundo e agradar a todos não ostentando uma conduta verdadeira, tendo em vista que age pelos seus interesses e não pelas suas convicções.

O parlamentar comunista que não consegue “descer do muro” é visto muitas vezes com impaciência pelos demais integrantes do grupo politico, que enxergam em sua atitude justamente a falta de atitude, a apatia, a falta de opinião e, principalmente, a falta do tal posicionamento.

 IMPORTÂNCIA DA POSIÇÃO OUSADA E VALENTE

A realidade é apenas uma: a guerra por conta da sucessão municipal, que logo, logo deverá ser deflagrada, irá figurar como um divisor de águas. De um lado, enquanto para a sigla comunista está em jogo uma articulação macro, que poderá aterrissar no Palácio do Planalto; do outro, os pedetistas trabalham desesperadamente para manter uma dinastia de três décadas, ininterruptas, no comando do Palácio La Ravardiere.

O poeta dinamarquês Soren Kierkegaard destaca, no livro ‘Filósofo da Existência’ – Amazon/2016, a importância de fazermos nossas escolhas com o coração na mão, procurando agir com intuição e desengano regularmente. Essa reflexão é preciosíssima porque somos exatamente aquilo que escolhemos ser, de sorte que o nosso futuro será montado com base no presente que detalhadamente arquitetamos.

No entanto, pior que viver em cima do muro, é viver se equilibrando em cima de uma corda bamba. As desvantagens desse tipo de postura têm consequências. Na política, por exemplo, pode atrapalhar planos futuros, principalmente, para quem pretende alçar voos mais altos ou permanecer ocupando o mesmo espaço de poder.

MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUÍZO

Certa vez, quando o deputado Duarte Junior ainda estava no PCdoB, o senador Weverton Rocha disse que o PDT só levava em consideração a pré-candidatura de Rubens Júnior. Com a saída de Duarte das hostes comunistas, o senador mudou de postura.

Há dois meses, durante conversa entre correligionários, o presidente do PDT no Maranhão chegou a declinar os motivos que o fizeram a mudar de opinião em relação Rubens Júnior.

Conforme relatos de fontes pedetistas, o senador teria procurado o governador Flávio Dino para saber se o PCdoB iria mesmo lançar candidato próprio em São Luís, mas o chefe do executivo estadual disse que ‘não’ sabia por ser uma decisão interna do partido.

Rompimento entre PDT e PCdoB seria um baita ‘baque’ nas pretensões de Othelino

Após a conversa, Weverton passou a comentar à boca miúda que o PCdoB não teria mais candidato e a informação chegou aos ouvidos do chefe do Palácio dos Leões.

Questionado sobre as declarações espalhadas pelo senador, Flávio Dino teria dito que Weverton mandava no PDT e que as decisões do PCdoB caberiam aos filiados decidirem.

O tempo passou, a pré-candidatura de Rubens Júnior se consolidou, mas Weverton provou que pode até não interferir nas decisões do PCdoB, mas manda, sim, num de seus filiados mais importantes: o presidente da Assembleia Legislativa.

Mas, além da falta de uma posição ousada e valente, algo ainda pior poderia causar um ‘baque’ sem precedentes na correlação de forças que sustenta o projeto politico de Othelino: a oficialização do rompimento entre PDT e PCdoB. No entanto, esse é um assunto para a próxima matéria.