Propaganda de Braide mostra que população negra só serve para cozinhar, vender e ser motorista

Um dia depois do blog publicar um post falando do desafio do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), de mostrar ser capaz de montar uma equipe mais diversa e representativa, nomeando secretários negros e mais mulheres para comandar as principais pastas, eis que ele anunciou dois negros para compor seu alto escalão: Cláudio Ribeiro para comandar a Secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT) e a vice-prefeita Esmênia Miranda como secretária de Educação, que se juntaram à secretária Municipal de Assistência Social, Rosângela Bertoldo.

Apesar disso, ainda assim, a presença de negros segue sem paridade de espaços já que eles representam menos da metade dos brancos, embora sejam maioria da população na cidade, segundo o IBGE. No entanto, para ‘valorizar’ esse público em seu governo, Braide encontrou uma saída: usou a propaganda, onde a maioria dos que aparecerem com esperança e expectativa de dias melhores, como sempre foi desde o período colonial, são pretos. Na equipe de gestores, porém, assim como sempre foi a Casa grande, é majoritariamente composta de brancos.

Como já destacamos na semana passada, em um dos debates com Duarte Júnior no 2º turno da campanha na capital maranhense, para negar eventual comportamento racista o atual prefeito citou ao menos 4 ou 5 negros que os apoiavam. Mas, na escolha de sua equipe, só um desses nomes foi contemplado já no apagar das luzes e isso depois de ser feita uma observação numa matéria produzida por este blog.

MAL NÃO PODE SER IGNORADO

A questão racial tem sido centro de acalorados debates. Há quem pergunte por que parte da sociedade fala sobre racismo – ou questões envolvendo minorias, de maneira geral – todos os dias. Mas o verdadeiro questionamento deveria ser: como ignorar esse mal que assola o Brasil desde os tempos de colônia e que marginaliza e mata a população negra até hoje?

Mas, afinal, de quem é a culpa pela manutenção de um dissimulado apartheid, que segrega a população não-branca à base da pirâmide social? A responsabilidade é de todos nós, mas a culpa desse atraso, depois de 388 anos de escravidão é do Estado, porque é através dele que as políticas públicas podem chegar para resgatar a autoestima dessas populações.

Por isso é importante provocar os Poderes para apresentar medidas de combate ao racismo. Ora, se o Executivo não tem tido uma visão de apontar a política de combate ao racismo, que o mundo todo está fazendo, temos de fazer o possível para provocar o Legislativo e o Judiciário. Nesse sentido, o blog vem fazendo sua parte. É preciso, sim, falar sobre isso. Precisamos sair da fase da negação. Negar e silenciar é confirmar o racismo. O verdadeiro combate ao racismo se faz na prática e não na teoria, onde o foco é apenas conquistar o voto do eleitor negro.