O clima está tenso nas empresas de transporte público que perderam espaço com a licitação das linhas de ônibus de São Luís, propagandeada como feito espetacular e histórico pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), candidato à reeleição. Com menor participação no sistema após o certame, concessionárias que há décadas exploravam o serviço estão promovendo demissão em massa em suas garagens.
Somente a empresa Menino Jesus de Praga, que há mais de 30 anos operava rotas com destino ao bairro São Cristóvão e adjacências, dispensará 60 motoristas, cobradores e fiscais. Revoltados, os demitidos dizem que não votarão em Edivaldo.
A crise também atinge empresas que venceram a licitação, mas foram obrigadas a assumir rotas diferentes das que exploravam, com menor fluxo de passageiros e, portanto, menos rentáveis. É o caso da São Benedito, que deixou de operar a próspera linha Calhau/Litorânea, e passou a atuar na área da Cidade Operária. A lista de demissões da concessionária tem, até agora, 20 trabalhadores. E há quem diga que o número pode aumentar com a possível exclusão definitiva da empresa do sistema, motivada por falência.
O mesmo revés atinge a Ratrans, subsidiária da Gonçalves. Com a licitação, a empresa assumiu as modestas linhas Cajueiro e Itapera, ambas com rota para a zona rural. Sem o mesmo fluxo de passageiros e o faturamento de outrora, a concessionária já anunciou que mandará embora 25 profissionais do seu quadro de funcionários.
Temendo perda expressiva de votos na reta final do segundo turno, aliados de Edivaldo defendem a intervenção direta e imediata do prefeito para conter a demissão em massa nas garagens. Uma das sugestões é o aproveitamento dos trabalhadores dispensados pelas empresas que ganharam lotes maiores e mais rentáveis da licitação.
Com a ameaça de derrota rondando o seu palanque, Edivaldo não descarta a interferência.