Ex-secretário de Agricultura teve mais votos que 15 vereadores eleitos, mas ficou fora da Câmara de São Luís
Raras vezes uma vitória nas urnas representou de forma tão contundente uma derrota. Nesta que foi a primeira eleição em que partidos que não atingiram o quociente eleitoral puderam participar da distribuição das vagas da ‘sobra’, o vereador Ivaldo Rodrigues (PDT), é um dos vitoriosos que integra o plantel do time dos ‘bem votados, mais não eleitos’. O parlamentar que buscava seu terceiro mandato consecutivo na Câmara Municipal de São Luís, obteve 4.629 votos, ocupando a 20ª posição das 31 vagas disponíveis para os mais votados, mas não levou a cadeira.
Os candidatos Marcial Lima (Podemos), com 4.548 votos; Antônio Garcez (PTC), com 4.143 votos; Domingos Paz (Podemos), com 3.930 votos; Andrey Monteiro (Republicanos), com 3.906 votos; Gutemberg Araújo (PSC), com 3.480 votos; Chaguinhas (Podemos), com 3.450 votos; Ribeiro Neto (PMN), com 3.310 votos; Silvana Noely (PTB), com 2.913 votos; Daniel Oliveira (PL), com 2.890 votos; Álvaro Pires (PMN), com 2.827 votos; Marcos Castro (PMN), com 2.607 votos; Karla Sarney (PSD), com 2.594 votos; Batista Matos (Patriota), com 2.506 votos; Coletivo Nós – Jhonatan Soares (PT), com 2.110 votos e Marlon Botão (PSB), com 2.013 votos, tiveram votação menor do que a de Ivaldo, e conseguiram se eleger.
O resultado das urnas mostrou que o pedetista é, sim, um vencedor. Ele ‘perdeu ganhando’, embora não tenha conseguido renovar o mandato para mais quatro anos. A derrota, entretanto, poderia não ocorrer se o pedetista tivesse optado disputar por outros partidos. O blog fez as contas e descobriu que com a votação obtida nas urnas, Ivaldo só não conseguiria renovar o mandato apenas em quatro siglas: PCdoB, DEM, PRTB e o próprio PDT.
A vitória nas urnas também seria possível se o parlamentar pedetista estivesse concorrendo por partidos que foram bem votados, mas não conseguiram eleger nenhum candidato casos, por exemplo, do PV, Cidadania, MDB, Solidariedade, PP e PMB. Mas, afinal, porque o ex-secretário de Agricultura – idealizador da Feirinha São Luís – teve mais votos do que 15 vereadores eleitos, e acabou ficando fora da Câmara?
Eu poderia até dizer que é uma situação que se deve pelo quociente eleitoral, cálculo que estipula quantos votos cada partido precisa somar para obter uma ou mais cadeiras no Legislativo municipal, mas no caso do nosso personagem, não! Ele ficou de fora por sua lealdade e fidelidade ao PDT. Ivaldo sabia dos riscos, mas resolveu ser fiel à legenda e não trocou de partido no momento da abertura da janela partidária. Como toda escolha tem um preço, o parlamentar pagou caro e, com o próprio mandato.
Ao blog, Ivaldo não escondeu o descontentamento por ficar de fora da Câmara, apesar da votação expressiva. No entanto, destacou que estava tranquilo com a quantidade de votos que obteve nas urnas.
“É um misto de sentimentos. Teve a frustração inicial, mas, independente do resultado, a gente sentiu que nossa candidatura foi muito vitoriosa. Conseguimos atingir muitas pessoas que acreditaram nesse sonho”, declarou.
Ao ser questionado pelo blog sobre o fato de não ter trocado de partido durante a janela partidária, ele afirmou que fez o que era certo e que isso vai ecoar na eternidade de alguma forma.
“Ser leal às vezes dói, mas geralmente vale a pena. É uma consciência que dorme tranquila na santa paz toda noite, um pacto com seu espírito. É a certeza de ter feito o que era certo e que isso vai ecoar na eternidade de alguma forma”, completou.