A equipe de tecnologia da informação (TI) do blog analisou uma enquete para avaliar a preferência dos internautas entre os nomes propostos como opções para ser vice na chapa da prefeita de Bacabeira, Fernanda Gonçalo (PMN) e detectou suspeita de fraude na votação, realizada no Facebook na página “Bacabeira Notícias Breves”.
A votação foi aberta para que as pessoas pudessem se manifestar por meio ‘reações’ com emojis, botões alternativos ao “curtir” em comentários da rede social. No entanto, segundo o diagnóstico, centenas de votos vindos do exterior, provenientes de perfis falsos, foram computados na enquete, que já registrou mais de 2 mil votantes.
De acordo com a análise realizada até as 11h55 de hoje, dos 1,7 mil votos que havia sido computado, mais de 500 foram realizados com perfis fakes. Com base em uma contagem informal, seguindo a regra de exclusão dos chamados “votos de robôs” e considerando somente o voto de usuários reais, constatou-se na contagem que Capitão Lucas (PSL) ficou com 358 votos, seguido de perto pelo vereador Romualdo, do mesmo partido, com 339 votos.
No entanto, entre 11h45 e 11h55 desta quinta-feira, estranhamente o sistema passou a contabilizar uma grande votação a favor do vereador Elias Teixeira Lima – Tchabal (PSB), presidente da Câmara de Bacabeira. Em pouco mais de cinco minutos, ele pulou da terceira colocação, com pouco mais de 200 votos para 849 sufrágios.
O titular do blog solicitou, então, uma auditoria de uma equipe técnica que atua com tecnologia, que constatou os supostos votos fraudados. Dos mais de 849 votos obtidos por Tchabal, conforme o estudo, somente pouco mais de 200 deles eram válidos para a enquete. No levantamento, observamos que até o horário da análise ficou constado que a maioria dos votos suspeitos foram dirigidos principalmente ao chefe do legislativo bacabeirense.
A consulta, que estava na reta final, foi iniciada no último dia 23 e seria encerrada dia 28 de agosto. Usuários do Facebook teriam até amanhã para eleger, mesmo de forma simbólica, o companheiro de campanha da prefeita bacabeirnese.
VOTOS CUSTAM R$ 159 REAIS
Mesmo sabendo que a sondagem não tem valor científico algum, teve gente que levou à sério a brincadeira ao ponto de obrigar até mesmo funcionário a participar da votação. Mas esse não foi a única novidade na “mentira virtual”.
O blog fez uma vasta investigação mostrando que a coisa foi tão séria, que os ‘votos fraudulentos’ custaram algumas cifras. Os truques digitais para fraudar a sondagem, entretanto, não são novidades pra mais ninguém.
Numa pesquisa realizada junto a fóruns de tecnologia encontramos alguns sites pouco confiáveis que oferecem esses serviços de venda de visualizações, likes e até votos para enquetes. Um deles é o Boom Marketing Digital e o outro é o Compra Likes que oferece 100 votos em Enquete do Facebook por R$159,00 reais.
O OUTRO LADO
Em contato com Leandro Guimarães, um dos administradores da página “Bacabeira Notícia Breves” – que organiza a enquete, ele confirmou a fraude e afirmou que a sondagem será tirada do ar. “Já detectaram [a fraude]. A enquete será tirada do ar. Lamentável. Apuraremos essa situação. Temos outros administradores”, informou.
O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO?
A propagação de resultados de enquetes feitas nas redes sociais, mesmo que realizadas com uso de ferramentas de plataformas como o Facebook, contribui para a desinformação. Essas consultas não têm rigor científico e não substituem as pesquisas eleitorais registradas nos tribunais eleitorais.
Essas enquetes em Facebook, Instagram ou qualquer outra rede social são diferentes das pesquisas eleitoras de opinião pública, onde o realizador é obrigado a registrar inúmeras informações no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle). O Tribunal Superior Eleitoral dispõe da resolução Nº 23.600, de 12 de dezembro 2019, que esclarece o que é necessário para que uma pesquisa se torne judicialmente legal.
Entre as demandas da pesquisa estão: encaminhar a metodologia e período de realização da pesquisa; plano amostral e ponderação quanto a gênero, idade, grau de instrução, nível econômico do entrevistado e entre outros.
A sondagem em redes sociais, feita por meio de enquetes, do tipo “em quem você pretende votar?”, é um assunto recente até mesmo para os tribunais regionais. Não há, até o momento, uma legislação específica sobre o assunto. Nas redes sociais o que a lei de fato fala é que essas pesquisas não têm valor algum. Para que tenha validade jurídica ela tem que ser contratada, tudo conforme manda a legislação eleitoral.
DADOS DA ENQUETE
A sondagem virtual foi realizada pela página Bacabeira Notícias Breves no Facebook. O levantamento fez a seguinte pergunta: Quem você gostaria que fosse o vice-prefeito de Fernanda Gonçalo?
As opções, com cada com ‘reações’ por emojis, foram Tchabal, Jefferson, Ademir, Romualdo, Ruck e Capitão Lucas.
Do dia 23, data em que foi disponibilizado até às 11h55 de hoje, horário em que a enquete foi analisada, foram mais de 1,7 mil votos; 572 comentários e 50 compartilhamentos. Até o 19h00, horário da publicação da matéria, a enquete fraudulenta ainda não havia sido excluída e seguia normalmente no ar.