Atual Teatro da Cidade de São Luís, o antigo Cine Roxy foi adquirido e reformado pela Prefeitura Municipal de São Luís no ano de 2012. Desde então passou a integrar os equipamentos culturais públicos da Cidade, com o objetivo de atender a demanda da produção cultural ludovicense.
Desde 2015, sob a direção do produtor cultural André Lobão, o Teatro da Cidade já aumentou em mais de 40% a sua ocupação, segundo dados da bilheteria do próprio Teatro, e desenvolveu projetos de grande relevância cultural para atender a necessidade da classe artística de São Luís.
”Quando assumimos a direção do Teatro da Cidade, o que primeiro detectamos foi a ausência de uma identidade visual e pouco reconheciemnto da população sobre sua atual utilização. Pra isso, em colaboração com a equipe técnica da casa e da Secretaria Municipal de Cultura, implementamos uma gestão pautada no planejamento estratégico, que resultou no Plano de Ações Bienal 2015-2016, que incluiu o reposicionamento do Teatro na Cidade”, diz André Lobão.
Segundo Lobão, uma das principais preocupações de sua gestão foi o resgate da memória do Cine Roxy. “O Cine Roxy é um equipamento cultural de 1939, e foi um importantíssimo cinema para a cidade de São Luís, conhecido à época como Cinema das Estrelas. Refizemos sua identidade visual como Cine Teatro da Cidade, adquirimos um projetor para exibição de filmes e implementamos o projeto Cinema para Todos, com o intuito de devolver para a população de São Luís, em especial às pessoas que viveram os tempos áureos do Cine Roxy, a sua sala de cinema.”
Atualmente o Cine Teatro da Cidade realiza sessões de cinema em parceria com órgãos públicos e projetos sociais, com objetivo de democratizar o acesso da população à produção do audiovisual maranhense e brasileiro.
Além disso, o diretor destacou a realização de dois editais de ocupação para o Cine Teatro da Cidade, que foram executados ainda em 2015. “Outra preocupação que tivemos foi a de atender às necessidades do segmento artístico de São Luís, no que diz respeito ao acesso às pautas do Teatro e utilização do equipamento para processos de criação. Com isso criamos os projetos “Ensaios de Segunda” e “Terças no Teatro”, o que proporcionou a dinamização da programação da casa, com produções culturais de artistas e grupos locais, com acesso gratuito ao público da cidade”, afirma André Lobão.
“Hoje o Teatro da Cidade é uma casa acolhedora, com uma equipe técnica que recebe o artista com respeito e responsabilidade. Nós artistas naturalmente já enfrentamos muitas dificuldades para manter o nosso trabalho, e quando chegamos a um equipamento cultural que é mantido por recursos públicos, o mínimo que esperamos é ter um excelente tratamento, e o Teatro da Cidade tem cumprido seu papel nesse sentido”, afirma Urias de Oliveira, ator e diretor de teatro.
Ao longo desses dois anos de trabalho, o diretor da casa também enfrentou desafios quanto a manutenção do equipamento, que por se tratar de um prédio antigo e situado em área de tombamento histórico, requer alguns cuidados para que se mantenha em atividade e com segurança. “Pra isso, construímos junto com a equipe técnica do teatro um processo de trabalho colaborativo, onde nos dividimos em comissões de trabalho para cuidar de áreas específicas do Teatro que necessitam de monitoramento constante, e que muitas das vezes não é atendida pelo cargo funcional que ocupamos dentro do Teatro. Com isso, acabamos com os problemas de infiltração do teatro, e conseguimos realizar constate mente a manutenção de pintura e de ar condicionados.”, diz André Lobão.
Atualmente, o Cine Teatro da Cidade desenvolve também parceria com a Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão, através do Hospital Nina Rodrigues, do CAPS AD Estadual e da Unidade de Acolhimento do Estado, na realização do projeto Ritmos da Vida. “O projeto surgiu quando nós do Hospital Ninas Rodrigues procuramos o Teatro para levantar a possibilidade de levar a produção artística dos pacientes usuários dos serviços de saúde metal do SUS, atendidos pelo Hospital, CAPS e Unidade de Acolhimento. O projeto já realizou cinco edições, onde sempre apresentamos o resultado das oficinas de teatro e canto realizadas com os pacientes no palco do Teatro da Cidade. Esse projeto tem nos dado indicadores de melhoria na qualidade de vida dos nossos clientes, já que, como diz o próprio diretor do Teatro, estamos realizando o exercício da cidadania cultural”, afirma Rui Cruz, diretor do Hospital Nina Rodrigues.
Como resultado mais expressivo dessa gestão, o Cine Teatro ultrapassou a meta do Plano Municipal de Cultura de São Luís, que era de ter até dois projetos implementados até 2016. “A partir do planejamento que construímos junto com toda a equipe, o Teatro da Cidade tem sido visto pelos artistas e produtores, como um dos melhores equipamentos culturais de São Luís, no que diz respeito a sua equipe técnica, principalmente pela forma como nós recebemos a todos, que é um ponto sempre lembrado pela direção, sobre o lugar que cada um de nós ocupa nesse trabalho”, afirma Aldenor Filho, Secretário Executivo do Cine Teatro.
SERVIÇO
O Cine Roxy foi construído por Moysés Aziz Tajra, arrendatário de algumas salas de espetáculos, no final dos anos 30. Naquela época, recebeu a denominação de “Cinema das Estrelas”. Localizado na esquina da Rua do Egito com o Beco da Sé, o edifício, de autoria do próprio Moysés, teve sua estrutura projetada para suportar um segundo pavimento, que não foi construído por falta de recursos.
A fachada do prédio é marcada por características do estilo art decó, como os traços retos que compõem a platibanda de sua pequena torre, onde está localizado o nome do cinema em letreiro luminoso. Em junho de 1939, o prédio abriu suas portas para o público, apresentando “As aventuras de Hobin Hood”, que ficou três meses em cartaz. Entretanto, o Cine Roxy não acompanhou a evolução tecnológica e perdeu seu espaço para outras salas de cinemas, que foram abertas na cidade.
Para receber o Teatro da Cidade de São Luís, durante um ano o Cine Roxy passou por um longo processo de restauração. A obra do espaço ficou a cargo da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), sob acompanhamento do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que baseou seus trabalhos em pesquisas históricas e fotos antigas do prédio. A reforma manteve as principais características arquitetônicas do imóvel, como a inclinação do salão principal, a fachada com o nome do antigo cinema, além do traçado da planta principal do prédio.
Alguns espaços foram ampliados, como o palco, que passou a ter 53m³, o dobro da área que tinha antes, todo em madeira freijó, e a bilheteria. O salão, com capacidade para 265 lugares, com cadeiras numeradas e revestidas em tecido, recebe o nome do teatrólogo e dançarino maranhense Reynaldo Faray. No térreo tem ainda camarins, foyer, banheiros e espaço para arrendar um café. No piso superior, ficou a sala de administração, cabine de som e de projeção com equipamentos de áudio e vídeo multimídia e sistema de iluminação com 18m², além de copa e cozinha.
A fim de preservar as características originais da construção, foram tomadas algumas medidas, como, por exemplo, encomendadas réplicas do ladrilho hidráulico original que compõe o assoalho do prédio. O Teatro Cidade de São Luis é todo adaptado para receber as pessoas com deficiência física, com rampas de acesso, lugares especiais e banheiros adaptados.