Quando um vocábulo pode ser interpretado de duas maneiras, dizemos que ocorreu ambiguidade, fenômeno muito recorrente na comunicação. Muitas vezes pode ser um recurso expressivo; em outras, um defeito de construção do texto. Como recurso, é muito encontrada em textos publicitários e humorísticos.

Um exemplo claro disso foi usado pelo governador Flávio Dino, nessa quinta-feira (11), ao negar que já tenha escolhido seu sucessor para a eleição de 2022:

“Os dois são bons aliados do nosso campo politico. Eu tenho o compromisso do vice-governador Carlos Brandão, quanto do senador Weverton, que se comprometeram comigo de acolher o que for o pensamento majoritário do nosso grupo”.

A expressão em destaque, na frase, pode ter dupla interpretação: ou pode ser Brandão ou Weverton. A única certeza das declarações do governador foi o jogo duplo eleitoral que ficou nítido em suas palavras.

A dupla interpretação intencional é uma forma de evitar antecipar um rompimento por conta da disputa entre o vice e o senador.

A verdade é que o chefe do executivo estadual segue embromando os dois. Na segunda-feira, Flavio Dino diz que o candidato é Brandão. Na terça, diz que o candidato devia ser Weverton. Na quarta, diz que tem outros nomes no seu grupo pleiteando a disputa.

Enquanto não decide o que quer, tanto Weverton quanto Brandão jogam o jogo. Nessa enrolação, quem mais se prejudica é o vice que, assumindo o governo em abril do ano que vem, teria menos de um ano para se consolidar na disputa contra Weverton que está em campanha desde 2018.

De tanto levar tapinhas nas costas em ‘off’ (termo em inglês para designar informação de fonte jornalística que quer preservar o anonimato), Brandão vem ficando ‘corcunda’. Até aqui, não vejo nenhuma manifestação em ‘on’ capaz de alavancar seu nome junto ao eleitorado maranhense.

O jogo duplo fica claro por uma questão óbvia: Flávio Dino já deu sinais aos aliados que deseja, sim, apostar na candidatura de Weverton – que estaria melhor posicionado nas pesquisas que Brandão –, mas sabe que para uma disputa ao Senado precisaria de Brandão que estará na eleição com a chave do cofre para bancar sua jornada rumo ao Congresso Nacional.