Levantamento realizado pelo blog do jornalista Isaías Rocha com base em despesas públicas dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, disponíveis no Portal da Transparência dos órgãos estaduais, mostrou que 15% a menos no salário oficial abriria 361 UTIs no Maranhão e as manteria funcionando pelo tempo que durar a pandemia.
Nesta crise, todos os trabalhadores, empresários e profissionais liberais maranhenses perderam renda, alguns perderam toda. A população, que banca os salários de todos os gestores públicos, abriu mão de muitas coisas.
Os maranhenses abriram mão de viagens, aniversários, presentes, eletrônicos, educação e sonhos, enquanto a classe política do Maranhão não abriu mão de um único centavo de seus salários, irreais para a realidade brasileira, nem de suas mordomias.
Uma redução de 15% no salários dos políticos que elegemos e mantemos poderia fazer muita diferença para quem é atingido pela Covid. 15% do salário de R$ 15.915,00 do governador Flávio Dino (PCdoB) seriam R$ 2.387,25; do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), no valor de R$ 14.198,00 sobrariam R$ 2.129,7 e de cada secretário com subsídio de R$ 14 10.039,00, outros R$ 1.505,85.
A soma deste desconto, só na cúpula do governo maranhense, entre governador, vice e os 14 secretários e os três presidentes de órgãos, daria R$ 30.116, porém eles não são os únicos recebendo o salário integral, todo mês, em dia, com ou sem a pandemia. Existem os deputados e desembargadores.
PARLAMENTO E TJ-MA
Os 15% sobre o salário de R$ 25.322,25 dos 42 deputados estaduais renderiam R$ 159.528,6. O desconto sobre os R$ 33.793 dos 18 deputados federais são mais R$ 91.241,1 e o dos três senadores, que ganham salário igual, daria R$ 15.193.
O total que o Maranhão conseguiria com apenas 15% de desconto no salário desta classe privilegiada resultaria em uma verba extra de R$ 296.078,7, por mês, para o combate ao coronavirus. Com este dinheiro é possível manter 185 leitos de UTI abertos (cada um custa R$ 1.600 mensais, segundo informações oficiais).
Outra classe mantida com o dinheiro dos maranhenses que perderam a renda é a dos desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão, que recebem R$ 62.585,72 por mês. Com os 15% sobre o salário dos 30 componentes da Corte, seriam mais R$ 281.632 por mês, suficientes para mais 176 UTIs.
MAIS 361 LEITOS DE UTI
Somando tudo, o Maranhão poderia manter, facilmente, mais 361 UTIs além das atuais 1.500, um aumento considerável nos leitos para casos graves sem onerar o estado que, em última análise, é mantido com o dinheiro dos nossos impostos. O cálculo não incluiu os subsídios dos conselheiros de contas do TCE, promotores de justiça, vereadores e prefeitos dos 217 municípios maranhenses.