Prestes a completar 30 dias de gestão, aliados do prefeito avaliam período com preocupação

Braide dizia estar ‘pronto’, mas 1º mês de gestão mostrou despreparo (Foto: Reprodução)

Eleito em novembro de 2020, o advogado Eduardo Braide (Podemos) tomou posse no último 1º de janeiro de 2021, no Palácio de La Ravardière, sede da Prefeitura de São Luís. Prestes a completar um mês, o novo governo protagonizou incontáveis polêmicas e recuos imediatos. O cenário político também foi marcado por suspeitas de improbidade envolvendo a irregular nomeação da vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD), na Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Confira abaixo os principais fatos que marcaram o primeiro mês do governo Braide:

A cerimônia de posse, no dia 1º deste mês, foi marcada por um pronunciamento curto “nos moldes da campanha”. O novo prefeito fez um breve relato sobre a situação provocada no Brasil e no Mundo pela pandemia da Covid-19, mas afirmou que “não foi eleito para reclamar, mas para governar”. O discurso, entretanto, mudou ao tomar conhecimento da realidade e descobrir que pendências impediam São Luís de celebrar convênios e receber recursos federais.

Em seguida, Braide iniciou a gestão sem a nomeação de cinco secretários. Os órgãos sem titulares anunciados foram: Secretaria de Articulação Institucional; Secretaria de Turismo; Comitê Gestor de Limpeza; Instituto das Cidades, Pesquisa e Planejamento Urbano e Rural; Instituto Municipal de Paisagem Urbana. Algumas poderiam até esperar, mas outras precisariam ter seus titulares logo por serem responsáveis por serviços de importância para rápida solução de problemas.

No dia 11, durante sessão extraordinária na Câmara Municipal de São Luís, para apreciar o Projeto de Lei nº 0001/2021 que trata sobre a criação, transformação e extinção de órgão da administração municipal, o vereador Paulo Victor (PCdoB), apontou uma divergência sobre um dos artigos da proposta. O parlamentar afirmou que a mensagem encaminhada à Casa por Braide é correta, mas o Executivo “passou do ponto” ao prever que o prefeito possa extinguir órgãos por decreto. ‘Não podemos deixar de exercer nossa função’, destacou.

No dia 21, a vacinação contra a Covid-19 começou em São Luís, mas a logística de Braide fracassou e a imunização contra a doença passou a ter cada vez mais aglomeração. Os cuidados e os protocolos deveriam permanecer mesmo havendo vacina, afinal, nem todos ainda estão devidamente imunizados. É certo que a vacina é esperada e vital para todos, mas é questão de saúde pública manter o protocolo correto, do contrário, toda a ação não passa de pura demagogia e nítido descaso com a saúde da população.

1º mês de governo mostra que apenas o discurso de campanha estava pronto

As trapalhadas prosseguiram e provocaram revolta da Liga Independente das Escolas de Samba do Maranhão (Liesma), que se reuniu no dia 23, para avaliar o edital de credenciamento 01/2021/SECULT/PMSL, visando promover desfile virtual para o carnaval de 2021.

Além de apontar uma série de equívocos nos termos que trata do carnaval virtual com metade do cachê pago no último ano, a Liesma também criticou a falta de diálogo com as entidades civis interessadas no edital que possibilitaria uma melhor elaboração da publicação. No entanto, após repercussão negativa, Braide suspendeu o edital anunciado pela Secult.

A maior gafe foi protagonizada pela nomeação da vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD), na Secretaria Municipal de Educação (Semed). Embora o prefeito seja advogado e o titular da Procuradoria Geral do Município tenha sido juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA), ambos mostraram desconhecimento com a Lei Orgânica do Município provocando, inclusive, constrangimento e suspeitas de atos de improbidade, pois apesar de ter sido exonerada do cargo de secretária municipal de Educação, a vice-prefeita segue atuando na função de titular da pasta, irregularmente.

Nos bastidores e discretamente, aliados do chefe do executivo municipal já vêm dando sinais de preocupação com as trapalhadas frente aos desafios da cidade. Entre as razões da justificada apreensão se encontram as confusões geradas pela administração municipal em situações básicas que contrariam discursos de campanha.

Os aliados estão apreensivos já que as disputas de 2022 se aproximam abrindo justamente os debates para 2024. E sabem que os eleitores não deixarão de levar para as urnas o humor que resultará do desempenho do prefeito.

A população se manifesta de forma contundente contra o que opiniões mais generosas consideraram apenas um reflexo da inexperiência. Porém, este é um argumento descabido, já que Braide fez toda sua campanha ano passado proclamando que estava ‘pronto’ para administrar a cidade. Com erros tão elementares e equívocos primários, é de se deduzir que esse aprendizado foi muito pouco ou então o problema está na capacidade de aprender.