Braide inicia gestão com “valorização” da cultura pior que Edivaldo (Foto: Reprodução)

A Liga Independente das Escolas de Samba do Maranhão (Liesma) se reuniu neste sábado, 23, para avaliar o edital de credenciamento 01/2021/SECULT/PMSL, publicado pela gestão do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), no último dia 21 deste mês, visando promover desfile virtual para o carnaval de 2021.

Além de apontar uma série de equívocos nos termos que trata do carnaval virtual com metade do cachê pago no último ano, a entidade que representa as agremiações carnavalescas também criticou a falta de diálogo com as entidades civis interessadas no edital que possibilitaria uma melhor elaboração da publicação.

“Inicialmente repudiamos a falta de diálogo prévio com as entidades civis interessadas no edital que possibilitaria uma melhor elaboração da publicação, visto que permitiria aos novos gestores conhecer dificuldades e anseios dos fazedores de cultura tão massacrados pela gestão anterior”, destacou a Liesma em carta divulgada na imprensa.

Embora os carnavalescos reconheçam o evento como uma alternativa interessante de movimentar parte da cadeia produtiva do carnaval, entretanto, eles se apavoram com a reiteração da conduta da gestão anterior que não respeitava as manifestações ao promover seus eventos sem ouvir os participantes, conduta esta, criticada e combatida por todos que promovem cultura popular na cidade.

“Quem conhece nossos anseios somos nós, que sabemos cada uma das dificuldades enfrentadas para chegarmos a rua com nossas brincadeiras”, completou.

Durante a campanha, Braide participou de várias reuniões para ouvir o clamor dos fazedores de cultura da capital. Na oportunidade, disse que o setor viveria um novo momento, com oportunidade de emprego e renda o ano inteiro. No entanto, após a sua chegada à prefeitura, ele voltou a repetir o antecessor com as velhas práticas, postura que também foi duramente criticada pelos carnavalescos.

“Por isso esperamos a partir de então que não se pense ação ou evento envolvendo Escola de Samba sem amplo debate e construção coletiva, caso contrário, a gestão que se inicia repetirá os mesmos erros da que finda, fundamentada no autoritarismo, na arrogância e no profundo desrespeito a cultura local”, afirmou.

Liesma critica cachê e falta de dialogo da Secult com segmentos da cultura

Veja a carta a seguir:

LIESMA – LIGA DAS ESCOLAS DE SAMBA DO MARANHÃO

As Escolas de Samba do Maranhão, em reação ao edital de credenciamento 01/2021/SECULT/PMSL, publicado dia 21/01/21 que visa promover desfile virtual para o carnaval de 2021, vem se manifestar acerca dos equívocos nos termos que trata o desfile virtual de Escolas de Samba.

Inicialmente repudiamos a falta de diálogo prévio com as entidades civis interessadas no edital que possibilitaria uma melhor elaboração da publicação, visto que permitiria aos novos gestores conhecer dificuldades e anseios dos fazedores de cultura tão massacrados pela gestão anterior. Embora reconheçamos o evento como uma alternativa interessante de movimentar parte da cadeia produtiva do carnaval, nos apavora a reiteração da conduta da gestão anterior que não respeitava as manifestações ao promover seus eventos sem ouvir os participantes, conduta esta, criticada e combatida por todos que promovem cultura popular na cidade. Quem conhece nossos anseios somos nós, que sabemos cada uma das dificuldades enfrentadas para chegarmos a rua com nossas brincadeiras. Por isso esperamos a partir de então que não se pense ação ou evento envolvendo Escola de Samba sem amplo debate e construção coletiva, caso contrário, a gestão que se inicia repetirá os mesmos erros da que finda, fundamentada no autoritarismo, na arrogância e no profundo desrespeito a cultura local.

Quanto ao edital, entendemos que a publicação caminha em direção contrária ao movimento de Escola de Samba, uma vez que não permite a realização de uma gravação com zelo e qualidade, comprometendo todo trabalho e esforço das agremiações ao longo dos últimos anos, que mesmo com o descaso do poder público modificou profundamente a lógica de seus desfiles e apresentações. Não faz sentido a realização de um desfile de Escola de Samba virtual que não prenda o telespectador, ainda que seja um desfile recortado, precisa ter um bom enquadramento cenográfico, uma boa qualidade musical, boa produção dos participantes, enfim um bom set de gravação. Sugerimos que assistam as Lives produzidas por algumas Escolas de Samba locais para entenderem porque não se pode pensar num evento com tamanha tacanhez para nossas Escolas.

O valor definido ao cachê das Escolas (R$ 8.500,00) está completamente fora da realidade. A apresentação presencial, na temporada momesca, pago pela SECULT era de 16.500,00. As circunstâncias atuais deixam qualquer apresentação mais dispendiosa, já que não teremos carnaval e por isso não fecharemos pacote de apresentações com nossos artistas e colaboradores. Além disso, o setor cultural foi o mais prejudicado nesse período pandêmico, deixando todo mundo que vive de cultura completamente desprovido de trabalho e de dinheiro para sustento de suas famílias.

Considera-se ainda a inabilidade e incompetência da gestão passada que não conseguiu dá acesso ao apoio emergencial disponibilizado aos artistas pelo governo federal por meio da Lei Aldir Blanc. Enfim por tudo isso, solicitamos que seja disponibilizado às Escolas o valor integral dos cachês pagos em anos anteriores R$ 66.000,00 e em contrapartida correspondente elaboramos uma Live para o carnaval virtual no valor de R$ 33.000,00 e ficam duas apresentações a serem realizadas em eventos a ser definido pela SECULT no primeiro semestre de 2021 no valo de R$ 16.500,00 cada uma. Só assim estaremos sendo respeitosamente contemplados pela gestão. Esperamos contar com o apoio e a empatia de todos para com nosso pleito.

Para finalizar gostaríamos de reiterar a cobrança a esta secretaria do pagamento da premiação do Concurso Oficial de Escolas de Samba – 2016. Mesmo sabendo que se trata de dívida da gestão passada e que vocês estão acabando de chegar, temos que oficializar que ainda hoje não foi entregue às agremiações vencedoras do concurso de 2016 a premiação estabelecida no edital que norteou o certame e que esse recurso, sobretudo nesse momento de ausência de eventos culturais, tem feito muita falta a cada um dos premiados.

São Luís, 22 de janeiro de 2021

Escola de Samba Turma da Mangueira
Escola de Samba Favela do Samba
Escola de Samba Túnel do Sacavém
Escola de Samba Flor do Samba
Escola de Samba Turma do Quinto
Escola de Samba Império Serrano
Escola de Samba Marambaia do Samba
Escol de Samba Terrestre do Samba
Escola de Samba Mocidade da Ilha
Escola de Samba Unidos de Ribamar