As máquinas avançam no areal, caminhões despejam terra trazida de longe para a pavimentação da estrada. Aqui foi preciso remover as dunas para passar asfalto. As obras começaram na BR-402, em Barreirinhas, e se concentram na região dos pequenos Lençóis, uma área de proteção ambiental criada para proteger a foz do Rio Preguiça. A região é classificada como zona de amortecimento do parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
As atividades humanas na zona de amortecimento estão sujeitas a normas e restrições específicas para minimizar os impactos negativos sobre a unidade.
A Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão (SEMA) informou por meio de nota que a obra contratada pela Ômega Energia tem licença ambiental, inclusive autorização de supressão vegetal na área.
Em dezembro do ano passado, a Bioenergy tornou público que recebeu na SEMA a licença de instalação de uma linha de transmissão de energia na região. Em janeiro deste ano, outra empresa. A Delta 3 Energia também tornou público que recebeu da SEMA a licença de instalação de uma usina eólica nos municípios de Barreirinhas e Paulino Neves.
A TV Mirante mostrou as imagens das máquinas removendo as dunas nos pequenos Lençóis ao professor Leonardo Gonçalves, do departamento de oceanografia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), doutor em geologia. “Nessa região de dunas a gente tem uma região de baixo teor de nutrientes e espécies completamente adaptadas. Então esse sedimento que está vindo de fora é um excesso de carga de nutrientes que estão sendo aportados para dentro desse ecossistema de dunas móveis”, disse.
O plano de desenvolvimento sustentável desenvolvido pelo Governo Federal para a região previa um traçado diferente para a estrada que liga Barreirinhas a Paulino Neves. A estrada deveria passar por Barro Duro, bem longe do areal. A obra deveria aproveitar pontes de concreto que já estão construídas e ligam nada a lugar nenhum.
O novo traçado passa por uma região única no mundo. “A obra ela vem destruindo um pouco de dunas, mas na verdade a gente precisa também do desenvolvimento do município. Infelizmente”, disse o Secretário de Turismo de Paulino Neves, Alessandro Ramos.
“Tem que existir um desenvolvimento, mas que ele seja sustentável. Pode vir dinheiro, pode aumentar o recurso do município sim. Mas, de que forma ele está vindo? Se for com prejuízo é melhor que nem venha ”, disse Marcela Ferreira, Secretária de Meio Ambiente de Paulino Neves.