Uma coreografia de integrantes de um grupo de cacuriá, filmada nesta semana durante uma apresentação no Arraial do Cohatrac, gerou polêmica nas redes sociais.

No video, que viralizou neste sábado (24), mulheres inclinam-se para a frente, enquanto os homens as seguram pelos ombros, simulando um ato sexual.

A cena ganhou vida diante de uma plateia heterogênea. Moças, rapazes, homens, mulheres, senhoras, crianças…

Todos vendo mais uma das tantas expressões culturais juninas do Maranhão.

E foi justamente pela complexidade do público que o caso ganhou tanta repercussão.

O cacuriá é, tradicionalmente, uma dança envolta em certo erotismo, sensualidade. Mas a performance apresentada no Cohatrac, aparentemente, ultrapassou o limiar do mero simbolismo, da dança maliciosa, do duplo sentido – traços marcantes, por exemplo, do Cacuriá de Dona Teté.

Preferiram apelar para o escracho.

E pior, diante de crianças, de senhoras. De gente que não saiu de casa necessariamente para ver uma simulação grotesca de ato sexual no meio da rua.

Por isso, tanta reprovação…

Estudo

Em 2005, a professora de Filosofia Ana Luiza de Meneses Delgado, ao apresentar uma dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), já alertava para a erotização exacerbada da brincadeira.

“As transformações sofridas pela manifestação […] apontam no sentido de uma erotização crescente”, destacou ela, no trabalho “Só precisa rebolar? – Performance e dinâmica cultural no cacuriá maranhense”.

Leia aqui o trabalho completo. Vale a pena!