O advogado Abdon Marinho, um dos causídicos maranhenses com senso crítico e alma de analista político, achou precipitado aferir perspectivas do senador Weverton Rocha (PDT) e do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) com um cenário em que os dois “pré-candidatos” se apresentam como sendo “do mesmo lado”.

Em entrevista ao site Atual7, ele analisa as possibilidades de cada um, fala sobre cenários para 2022 e afirmou que só iremos ter uma visão mais clara quando algumas destas “candidaturas” se confrontarem com possibilidades, inclusive, para testar o “tamanho” do governador Flavio Dino (PCdoB), que já contabilizou uma derrota pessoal, como na eleição para prefeito da capital.

Confira a seguir, trecho do bate-papo do causídico com Eden Jr., especial para o Atual7.com:

No embate dos até agora governistas, o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha, quais as perspectivas de triunfo dos dois em relação à disputa pelo governo do Estado em 2022?

Acho precipitado aferir perspectivas com um cenário em que os dois “candidatos” se apresentam como sendo “do mesmo lado”. Como, até aqui, são as duas candidaturas postas, só iremos ter uma visão mais clara quando elas se confrontarem. Quando isso ocorrer e nas condições que ocorrer iremos, efetivamente, saber o tamanho de cada um. Saberemos, inclusive, o “tamanho” do atual governador. Não conseguir eleger o sucessor será contabilizado como uma derrota pessoal, como o foi a eleição para prefeito da capital.

Você acredita na hipótese de Weverton Rocha entrar na contenda de governo do Estado em oposição ao candidato do governador Flávio Dino?

O senador Weverton Rocha, desde sempre, trabalha para ser governador. O cenário mais favorável para isso é a eleição de 2022, quando não terá “nada a perder”, pois, no caso de insucesso, seguirá como senador por mais quatro anos. Nos últimos quatro anos ele construiu as condições para ser candidato, com vasto leque de apoios e sabe que dificilmente as mesmas condições se repetirão dali a quatro anos ou depois disso. O inusitado, o ponto fora da curva, será não ser candidato.

Weverton Rocha realmente está vivendo um dilema de jogar o destino de sua carreira política em 2022, considerando que se deixar para concorrer ao Palácio dos Leões em 2026 pode enfrentar o próprio Flávio Dino ou se optar em disputar a recondução ao Senado pode ter como oponente Carlos Brandão, nesse caso, fortalecido tendo em vista que sairia da chefia do Executivo estadual?

Como disse anteriormente, as cartas estão postas para que seja o candidato a governador, e, se eleito, acomodar essa gama de interesses das lideranças que o apoia.

O problema é que para isso ocorrer terá que “matar” o “aliado” governador Flávio Dino, que quer, deseja e necessita, manter sua influência política no estado para, também, poder acomodar aqueles que lhe são fiéis. Não podemos esquecer, que em 2026 serão duas vagas ao Senado. O problema é que quatro anos no ambiente volátil da política é uma eternidade.

Em relação ao senador Roberto Rocha, e seu de atrelamento ao presidente Bolsonaro, qual a chance dessa estratégia surtir efeitos positivos ao ponto de colocar o tucano como um dos fortes candidatos ao Executivo estadual em 2022? Ou Roberto seguirá outro caminho: como a Câmara Federal, a tentativa de reeleição ao Senado ou mesmo o encerramento da carreira política?

O senador Roberto Rocha é um dos políticos mais perspicazes do Maranhão. Ele sabe, que muito embora se apresente como representante do “bolsonarismo” no Maranhão, isso não é garantia ou certeza de que será suficiente para elegê-lo para um cargo majoritário, mesmo porque outros também se apresentam como “bolsonaristas” para dividir os mesmos votos. Além disso, o presidente da República não possui apoio majoritário no estado. Não acredito que possua apoio nem de 30% dos eleitores maranhenses. Os outros 70% o odeia e a tudo que representa. Outra dificuldade posta é a dificuldade do presidente Bolsonaro em transferir votos. Vimos isso nas eleições municipais de 2020. Daí não acreditar que o senador Roberto Rocha aposte todas as suas fichas apenas no suposto apoio do presidente Bolsonaro.

Foi divulgado que a ex-governadora Roseana Sarney vai concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados no ano que vem. Esse é destino mais provável da emedebista, e com essa candidatura ela pavimenta a sua aposentadoria definitiva da política nesse cargo ou o Grupo Sarney ainda tem alguma perspectiva de retomar a controle do governo estadual?

Na carruagem da política, os políticos são passageiros e não condutores. Os postulantes vão se colocando nas posições que lhes são mais cômodas. Para a ex-governadora a posição mais cômoda, no atual cenário, é uma vaga na Câmara dos Deputados. Não creio que exista “clima” para uma candidatura majoritária para o grupo Sarney nas circunstâncias atuais, muito menos para um retorno ao governo estadual.

Leia a entrevista na íntegra aqui.

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