Levantamento esconde rejeição dos candidatos, mas expõe cenário colocando ‘Nenhum’ com o dobro de Brandão e cinco pontos à frente de Weverton

O que nos diz a pesquisa eleitoral Escutec/O Estado?

Como diz o ditado, pesquisa eleitoral é como postes de luz: ilumina quem está sóbrio e dá suporte aos bêbados. A expressão pode explicar perfeitamente os resultados divulgados hoje pelo Instituto Escutec/O Estado na primeira de uma série de quatro pesquisas em 2021 sobre o cenário sucessório no governo do Maranhão.

Em um dos três cenários simulados para a sucessão estadual, ‘Nenhum’ aparece liderando com o dobro do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e cinco pontos à frente do senador Weverton Rocha (PDT).

Nesta primeira pesquisa foram ouvidos 1,4 mil eleitores nos dias 20 a 25 de março. O intervalo de confiança é de 90% e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento, entretanto, esconde a rejeição dos candidatos e ocultou as cidades onde os pesquisadores aplicaram os questionários.

O primeiro cenário, reúne 12 possíveis candidatos ao governo estadual. Pelos dados, Roseana Sarney aparece com 23% das intenções de votos. Ela é seguida por Weverton Rocha (PDT) com 14% e Edivaldo Júnior (PDT), ex-prefeito de São Luís, com 13%. O vice-governador Carlos Brandão (PSDB) conseguiu 9% da opinião dos eleitores e Roberto Rocha, senador da República, 8%.

Neste primeiro cenário tem ainda Eliziane Gama (Cidadania) com 3%, mesmo percentual do deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), e Simplício Araújo com 2%. Márcio Jerry (PCdoB), Lahesio Bonfim (PSL), Josimar de Maranhãozinho (PL) e Felipe Camarão obtiveram 1% cada um deles. Nenhum dos candidatos somou 8% e não sabe ou não respondeu, 13%.

Com quatro nomes na disputa, o cenário dois mostra os seguintes dados: Roseana com 29%, Weverton Rocha com 20%, Carlos Brandão vem com 12% da opinião dos entrevistados e Roberto Rocha com 11%. Nenhum dos nomes apresentados somou 18% e não sabe ou não respondeu, 10%.

Já na terceira simulação da disputa pelo Palácio dos Leões, Weverton Rocha lidera com 25% sendo seguido por Carlos Brandão com 15% e Roberto Rocha 13%. Maior que o percentual dos candidatos é o que respondeu não votar em nenhum dos três nomes apresentados: 30%. Não sabe ou não respondeu somou 17%.

Algumas conclusões muito interessantes são tiradas a partir dos primeiros números colhidos pelo instituto. Um deles, talvez só amnésia pode explicar que eleitores acreditem no Escutec.

Até recentemente, o Maranhão esquecia a cada 4 anos o que havia acontecido nos 4 anos anteriores. O intervalo entre os surtos de amnésia foi dramaticamente reduzido. No caso das pesquisas eleitorais, por exemplo, o estado agora esquece a cada 4 dias o que aconteceu faz 4 dias.

Nenhum também lidera um dos cenários da pesquisa Escutec/O Estado

O levantamento do Instituto Exata consumado na última terça-feira, dia 23, mal completou quatro dias. Mas parece mais antigo que o naufrágio do Titanic, informa a credulidade de incontáveis nativos reapresentados a levantamentos estatísticos que prenunciam a reprise do desastre.

A pesquisa divulgada pelo Exata na terça-feira é apenas outro chute de longa distância que vai mandar a bola às nuvens ou fazê-la roçar o pau de escanteio. Na sopa de algarismos servida pelo instituto no início da semana, Roseana tinha 30% dos votos válidos e Weverton, 20%. Na que foi divulgada hoje, ela apareceu com 23% e ele com 14%. Quer dizer que em apenas quatro dias a pré-candidata que sequer se lançou na disputa perdeu sete pontos sem que tivesse ocorrido um fato negativo capaz de atingir sua imagem?

Tanto ela quanto ele podem ganhar, descobriram os videntes de acampamento cigano. Em números absolutos, Roseana perdeu em quatro dias quase 6 mil votos. Sejam quais forem as reais dimensões da multidão, é uma boa quantidade de gente. O que motivou essa queda?

A coisa fica mais confusa quando se expõe em um dos cenários que ‘Nenhum’ acaba sendo mesmo melhor do que todos eles juntos. Ou os dois institutos enxergam o futuro? Ou a divulgação de um foi para justificar o erro do outro?

Alguns questionamentos são importantes, após a divulgação da pesquisa Escutec. Os números serviram para referendar os da Exata? Existem diferenças significativas entre as duas pesquisas? Independente das respostas, eu só espero que o eleitor não seja culpado por eventuais falhas nos levantamentos.