R$ 1 milhão no porta-malas: polícia mantém linha de investigação para descobrir origem de dinheiro

Neste compilado, o blog do Isaias Rocha, busca apresentar de forma sistematizada as questões mais importantes a respeito da investigação que busca descobrir a origem de R$ 1,1 milhão em dinheiro vivo achado no porta-malas de um carro abandonado em São Luís.

O episódio e sua investigação marcam a história da polícia maranhense que, desde o dia 31 de julho, tenta esclarecer o caso que ganhou forte repercussão nacional. Nesse período, mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça com o intuito de descobrir a possível origem do dinheiro e qual o caminho que ele teria percorrido até que fosse encontrado.

Mistério do apartamento

O carro foi localizado no dia 30 de julho, no bairro Renascença. O Renault Clio estava parado no local havia duas semanas e gerou estranhamento nos moradores da região. Duas pessoas ligadas ao veículo foram alvos de busca e apreensão. Primeiro, a polícia esteve em um apartamento localizado no bairro Parque Shalom, que é onde vive Guilherme Ferreira Teixeira, o suposto motorista do carro e quem o teria abandonado.

A polícia esteve, também, na residência de Carlos Augusto Diniz da Costa, que se apresentou como suposto dono do automóvel no dia em que a polícia fez a apreensão do valor. Guilherme, o motorista, é ex-assessor especial da Secretaria Municipal de Governo (Semgov) e foi assessor técnico do deputado estadual Fernando Braide. Ele disse, inclusive, que o apartamento onde vive já pertenceu ao pai do atual prefeito de São Luís, Eduardo Braide, o ex-deputado estadual Carlos Braide.

Diante dessa informação, a polícia deseja, agora, descobrir como ocorreu a transferência do imóvel, se ele foi vendido ou apenas repassado.

Carro da mãe é envolvido

Além disso, em uma das imagens, um carro preto aparece dando carona para Guilherme no momento em que ele abandona o Clio com o dinheiro. O automóvel está no nome da mãe de Fernando e Eduardo Braide, Antônia Maria Martins Braide, que morreu em outubro de 2010.

Já Carlos Augusto, o suposto dono do carro, era funcionário comissionado da Secretaria Municipal de Informação e Tecnologia (Semit). Ele foi exonerado logo após a repercussão do caso. Segundo a polícia, no entanto, o carro não está registrado no nome dele.

Suspeita sobre o local

A polícia maranhense tenta, ainda, descobrir porque o Renault Clio foi deixado em frente ao condomínio que fica na Rua das Andirobas, no bairro Renascença. O local levantou algumas suspeitas da investigação.

O automóvel foi colocado praticamente em frente à casa número 20, cujo endereço está registrado como sendo a empresa “Café e Cia”. A polícia revelou que, apesar desse nome fantasia, o empreendimento seria de serviços hospitalares e pertencente a Clarice Sereno Loiola Braide. Clarice é cunhada do prefeito Eduardo Braide e esposa do irmão dele, Antônio Braide.

Perguntas sem respostas

Preparamos abaixo uma série de questões que permanecem abertas no caso:

1. De quem é o dinheiro encontrado no carro?

2. O dinheiro seria fruto da corrupção?

3. Qual seria o destino dos recursos financeiros?

4. Os valores encontrados seriam usados na campanha?

5. Por que o veículo ficou parado em frente à empresa “Café e Cia”?

6. O que motivou a exoneração de Carlos Augusto – o suposto dono do carro, da administração municipal?

7. Para quem Guilherme, o motorista, ligou após deixar o carro no local?

8. O que motivou a exoneração de Guilherme do gabinete do deputado Fernando Braide, após ser revelado que ele era o motorista do Clio?

9. Se a empresa, onde o veículo ficou parado, tinha nome fantasia “Café e Cia”, por que a companhia atuava com serviços hospitalares?

10. Se o apartamento onde Guilherme – o motorista – mora pertencia ao pai do prefeito, como ocorreu a transferência do imóvel para o nome dele?

11. O imóvel foi vendido ou apenas repassado ao Guilherme, o motorista?

12. Se foi vendido, como Guilherme – o motorista, fez para comprar o imóvel?

13. Se o imóvel foi apenas repassado, o que motivou essa ‘doação’ ou cessão?

14. Se é um bem compartilhado pela família Braide, como afirmou o advogado de Tonho, por que o veículo que deu suporte ao motorista do Clio, estava à disposição do irmão do prefeito?

15. O que levou o motorista a abandonar o carro com R$ 1,1 milhão?

16. Afinal, Guilherme percebeu que estava sendo seguido?

17. Hoje quase 100 câmeras da Prefeitura de São Luís monitoram veículos na capital. Esse sistema foi usado para avisar Guilherme que ele estava sendo seguido?

18. Por que o carro passou uma semana abandonado no local?

19. O porteiro do condomínio em frente ao local onde o carro foi deixado e a síndica do condomínio já foram ouvidos pela polícia. O que eles falaram?

20. Quantas vezes esse automóvel fez esse percurso?

21. Quem era o motoqueiro que dava suporte ao carro do milhão?

22. Qual a fase das investigações policiais?

23. O que a polícia já tem de prova sobre o caso?

24. O que o pai do prefeito falou sobre a ocupação de seu imóvel pelo motorista do carro abandonado?

25. Por que a Prefeitura de São Luís nunca explicou a exoneração de Carlos Augusto, o suposto dono do carro?

26. A polícia já notificou o Coaf sobre o episódio?

27. Existe alguma relação do dinheiro com algum prestador de serviço da gestão municipal?

28. Em qual banco essa quantia foi sacada?

29. A polícia encontrou quantas digitais no carro preto – em nome da mãe do prefeito – usado para dar suporte ao motorista do Clio?

30. De onde veio o carro preto que foi usado no suporte?

31. Quais são as linhas de investigação sobre o caso?

32. Houve um desfecho em alguma das linhas de investigação?

33. O inquérito já tem prazo para encerrar?

34. O que mais está sendo investigado, além da origem e destino do dinheiro?

35. Por que o gabinete do deputado Fernando Braide nunca explicou a exoneração de Guilherme, o motorista?

36. Qual a relação de Carlos Augusto – o Makilas, que se apresentou como dono do Renault Clio, com o secretário Diego Rodrigues?

37. Por que Braide jogou a responsabilidade no irmão em relação ao veículo em nome da mãe, mas omitiu a nomeação do proprietário do Clio em sua gestão?

38. Por que o advogado Armando Serejo declarou que o automóvel em nome de Antônia Maria Martins Braide (mãe do gestor maior da cidade) era usado por toda família do prefeito?

39. O que aconteceu com Carlos Augusto e Guilherme?

40. Eles estão sendo acompanhados por advogados ou por defensores públicos?

41. Se estão sendo acompanhados por advogados, como estão pagando os causídicos, já que foram exonerados dos respectivos cargos?

42. Por que os dois ficaram em silêncio durante seus depoimentos?

43. Durante os interrogatórios, os suspeitos permaneceram calados, sem responder a nenhuma pergunta do delegado. Eles estão tentando proteger alguém?

44. A Polícia Civil apreendeu documentos e celulares, para serem analisados. O que foi encontrado nos celulares dos investigados?

45. O médico Antônio Carlos Salim Braide, com quem o prefeito diz que não mantém nenhum tipo de relacionamento, iria atuar ou não como coordenador da campanha do irmão nestas eleições?

46. Em julho, dias antes do escândalo do Clio vir à tona, o empresário Antônio Calisto Vieira Neto, proprietário da Construmaster, acusou o prefeito e o secretário de extorsão, apesar de ter ganho uma licitação de forma lícita. Afinal, o dinheiro encontrado no carro abandonado seria fruto de possível extorsão envolvendo algum fornecedor da administração municipal?

47. Qual é a conclusão das investigações sobre as imagens das câmeras de segurança do trajeto percorrido pelo veículo, semanas antes do caso vir à tona?

48. O dinheiro estaria relacionado a desvios de recursos públicos ou lavagem de dinheiro?

49. Por que ainda não existe uma atuação coordenada com apoio da Polícia Federal e Receita Federal sobre a elucidação da origem do dinheiro encontrado?

50. O deputado Wellington do Curso chegou a denunciar o episódio à Polícia Federal do Maranhão. Foi aberto um inquérito pela PF para apurar o caso?

51. Os policiais visualizaram mensagens trocadas pelo aplicativo WhatsApp, com algum dos investigados nos celulares apreendidos?

52. Caso essas mensagens tenham sido encontradas, os diálogos têm valor legal como prova contra os investigados?

53. Existe relação do “carro do milhão” com alguns dos escândalos que envolveram a Semcas, Semosp, Semus e Secult nos últimos meses?

54. Se o advogado de Tonho tem imunidade profissional, por que Braide resolveu processar o defensor do seu irmão sob a alegação do crime de difamação por parte do causídico?

55. O que é mais ético fazer numa situação como esta pelo prefeito que se destacou perante a admiração da capital maranhense justamente por um implacável discurso de defesa da ética na vida pública?

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